21 de maio de 2007

Jorge Barbosa


Rumores das coisas simples da minha terra...
Dos trapiches
Quando esmagam a cana para o grogue
Com os bois pacíficos a rodar,
Sempre a rodar
Ao som desse canto que vem dos currais
Numa cadencia estranha de nostalgia,
Que deixa um arrepio a morrer no ar...


Aparentemente de poética simplista, quase coloquial, Jorge Barbosa é o ápice da metáfora claridosa. Há mesmo quem afirme que a claridosidade apareceu ao grande público pelas mãos de Jorge Barbosa, quando, em 1935, ano anterior ao lançamento da Revista Claridade, publicou o livro “Arquipélago”.

Jaime de Figueiredo, antologista e dissidente do Movimento Claridoso, considerou Jorge Barbosa como uma presença poética das mais autênticas, integrada na realidade própria do movimento literário modernista dos anos 30. Os seus versos simples traduziam, no ver de Jaime de Figueiredo, a comovida identificação com a humilde matéria ambiente e os apagados dramas da vida das ilhas perdidas no mar.

O programa Claridade Incandescente mostra, amanhã, na TCV, “as máscaras poéticas de Jorge Barbosa”, com Manuel Veiga, Filinto Elísio e Zilda Barbosa (filha do poeta).

Sem comentários: