26 de fevereiro de 2005

Cachaça e escravidão

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Por: Denis Lerrer Rosenfield
Uma das páginas mais abjetas da história da humanidade e, em particular, do Brasil, foi escrita pela escravidão. Durante séculos, nosso país se caracterizou pela exploração dos índios e dos negros, tornando-os meros instrumentos de trabalho, do mesmo tipo que os animais que faziam o trabalho da lavoura. A humanidade lhes era negada, como se existissem bípedes falantes que não pertenciam ao gênero humano. Essa situação, durante esse longo período de trevas, foi considerada normal e constituía o quadro das coisas cotidianas. Alguns pintores retrataram admiravelmente essa cena nada pitoresca. Ela não chocava, pois, de certa maneira, fazia parte do senso comum daquela época, por mais incomum que a nós possa parecer.Assinale-se também que nosso país foi um dos últimos a abolir a escravidão, na qual comungavam, no Império, tanto os partidos de situação como os de oposição, salvo honrosas exceções individuais. Uma situação de tal tipo, moralmente condenável, continuava sendo economicamente justificada e juridicamente permitida. Foi necessário um longo e laborioso trabalho de formação da opinião pública para que as cadeias da escravidão fossem abolidas, embora os seus efeitos se façam sentir até hoje, numa espécie de dívida não paga. Contudo alguns perseveram numa estranha desatenção para com a escravidão dos negros, como se ela não chocasse e fizesse parte, por assim dizer, do nosso próprio senso comum. Leia mais

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