Esta semana tomei conhecimento de uma situação, no mínimo, chocante. A Associação dos Ganeses em Cabo Verde pretendia limpar as instalações e as imediações da Televisão de Cabo Verde para assinalar o 48º aniversário da independência do seu país – e assim aconteceu. A atitude desse grupo de emigrantes tem sido recorrente. Lembro-me, como se fosse hoje, quando tomaram a mesma iniciativa, em finais do ano passado, de limpar o Hospital Central da Praia e as suas imediações. Na altura, numa entrevista concedida à Comunicação Social, o presidente da referida Associação justificou o acto dizendo que esta é uma forma de mostrarem aos cabo-verdianos que estão dispostos a colaborar positivamente com o nosso país. Na ocasião tivera lugar alguns incidentes desagradáveis, cujas responsabilidades tendia-se a atribuir aos emigrantes da Costa Ocidental da África.
Houve, inclusive, uma manifestação de cidadãos dessa região da África, residentes em Cabo Verde, a exigirem melhores formas de tratamento por parte dos nacionais.
O representante dos ganeses, Tony Parker Danso, disse-me que esta campanha de limpeza é uma forma que encontraram para se aproximarem dos cabo-verdianos que “às vezes os concede tratamento diferenciado” dos demais estrangeiros aqui residentes.
Custa aceitar que nos dias de hoje um grupo de cidadãos estrangeiros se sinta obrigado a esforços a esse nível para provar a sua intenção. Pode-se pensar, como chegou a dizer-me um colega, que foram eles a se oferecerem ao trabalho. Concordo! Mas a questão que se impõe é o porquê dessa proposta. Porque são esses emigrantes negros e nunca brancos que se emprestam a esse acto (louvável, entretanto) para se afirmarem como pessoas de boa índole. Os brancos e nunca pretos têm um tratamento de topo no nosso país. A hora é de equilíbrio… os nossos emigrantes lá fora que o digam.
Num à parte, a título de convite, informar que manhã, Domingo, a referida associação, ainda no âmbito do aniversário da independência de Gana, promove, no Palácio da Cultura, na Cidade da Praia, uma exposição de artes e gastronomia, seguida de uma palestra subordinada ao tema “Gana, ontem e hoje”.
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