No ano em que se comemora 30 anos de Independência destas ilhas há olhares que necessariamente precisam ser lançados. Num texto de Alfredo Margarido sobre o nível de consciencialização dos intelectuais cabo-verdianos dos anos 20/30 figuram particularmente interessantes as informações que avança sobre a atenção que o Governo-geral de Portugal dava ao ensino, primeiro, aos cleros, depois, ao povo. Note-se que mesmo nas colónias a realidade se subdividia, a todos os níveis. Os números falam por si: Em 1525 as autoridades portuguesas procuraram dar uma base mínima ao ensino no arquipélago, este é exclusivamente consagrado à formação do clero. Só em 1740 se procura criar uma instituição destinada ao público: a 2 de Janeiro foi nomeado um mestre de gramática para a ilha de Santiago. E, em 1773, as autoridades locais pediam a designação de um mestre de leitura escrita em latim “para ensinar o povo”.
As mudanças no séc. XIX verificam-se lentamente: a primeira escola primária oficial foi criada em 1817 na Praia mas, com a morte do professor, encerrou-se até 1821. As actividades foram retomadas e novamente suspensas em 1840. No orçamento de 1842 - 1843 foi inscrita a verba de 3.800$00 para instalar 28 escolas primárias das quais 5 de terceira classe na Guiné, duas de primeira classe em Santiago e na Brava, 12 de segunda classe em cada uma das ilhas, 17 de terceira classe, assim como duas mestras de meninas em Santiago e na Brava. O decreto de 4 de Agosto de 1845 cria uma Escola Principal da Instrução Pública na Brava.
Um artigo de Reis Borges, de 1911, sobre a escolarização no arquipélago dizia que "em quatro séculos e meio, havia apenas 17 escolas oficiais para mais de 30.000 almas, ou seja uma média de 3529 almas".
Inf. de Alfredo Margarido
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