Se o número 13, para determinada cultura, pressupõe azar, ele não o é com certeza para o Grupo Raiz di Polon. Treze anos depois da sua criação, na Cidade da Praia, ele permanece na linha de frente da dança cabo-verdiana, acaba de ser condecorado pelo Governo por mérito cultural e de ser seleccionado para representar Cabo Verde no Festival Internacional da Francofonia, evento a ter lugar em Niemey, capital do Níger, em Dezembro próximo.
Mas o ano de 2005 diz mais. Afirma que o Grupo andou em digressão pelo mundo Europa e África, sobretudo), participou no projecto UNIVERSOS, ao lado do Mário Lúcio, apresentou coreografias com Herbin "Tamango" Van Cayseele, das Guianas Francesas, considerado o maior bailarino de sapateado da actualidade e teve os melhores elogios da crítica internacional. Não será demais afirmar que, depois de Cesária Évora, a Diva dos Pés Descalços, nenhum outro fenómeno amplia mais a cultura cabo-verdiana pelo mundo como Raiz di Polon, levando na bagagem a dança, a música, a língua, a literatura e a dramaturgia de Cabo Verde. O leader incontestável do Grupo é Mano Preto que fundou, em 1991, com mais três bailarinos, o Raiz di Polon, no qual tem participado como coreógrafo, bailarino e produtor. Desde o início, o Grupo teve uma dinâmica de crescimento muito própria. Dividido entre a componente performativa e a pedagógica, Raiz di Polon marcou o seu espaço de valência cultural já pelos seus fundamentos. O entusiasmo, a comunicabilidade e a alegria foram o apanágio desse colectivo que se afirmava como uma outra forma de estar na dança tradicional cabo-verdiana (recriando o batuque, funaná, colá, coladeira, morna e demais estilos).
Depois do projecto “Dançar Cabo Verde”, em 1994, Mano Preto e os membros do Raiz di Polon embarcaram para um caminho sinuoso, mas extremamente gratificante, na busca de novos horizontes para a dança cabo-verdiana.
Em verdade, foi um momento de viragem, do tradicional para o contemporâneo. O Grupo passa, doravante, a pesquisar as raízes da dança cabo-verdiana, mas a apresentá-la a partir de novos paradigmas que transcendem rótulos e géneros, que se espalham por todas as regiões do mundo, que abrigam de tudo, e que se transformam de modo permanente.
Outro momento determinante foi a produção da “CV Matrix 25”, em 2000, depois das emblemáticas Pêtu” e “Uma História da Dúvida”. Impacto que só encontra paralelo na peça “Ruínas”, de 2004, mas ainda em cartaz, que marca o ápice da maturidade do Raiz di Polon.
Todavia, neste momento, o grande questionamento tem a ver com a sustentabilidade do projecto Raiz di Polon. A preocupação se a dança consegue sustentar os bailarinos e toda a equipa de produção, bem como os seus desafios que hoje transcendem as fronteiras de Cabo Verde.
A par do desafio, por vezes exasperante de sustentabilidade, fazem a 14 de Novembro 13 anos desde que o Grupo se estreou. Obra e graça não faltam a esses dançarinos…
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