Vi o show em êxtase. A interpretação de Apocalipse de Manuel d` Novas, transportou-me aos momentos do primeiro disco de Dudu Araújo. Foi uma viagem. Pidrinha revisitado. Tanha de Renato Cardoso, e muitos outros.
De Nôs cantador, Dudu Araújo passou, definitivamente, para Nha cantador. Um estilo inconfundível e uma postura garbosa no palco. Interioriza a poesia lírica na sua plenitude e interpreta-a com alma. Fala com amizade e admiração dos seus compositores, fala das músicas, e interage com a plateia. Pareceu-me tímido, dir-se-ia que da sua densidade artística. Apetece-me também falar da voz, a voz do Dudu: convida a viagens, dá vida a lugares, a personagens, a detalhes do quotidiano...
Nhelas Spencer e Betú são, para mim, dois pilares fundamentais desse disco. Composições únicas numa sintonia perfeita com o intérprete. Nôs Cantador é um disco imperdível e Dudu no palco é uma outra história. Na banda que ontem acompanhou Dudu, destacava também Voginha e Bau. Um delírio bem ao estilo crioulo.
Ao meu confidente deixo um trecho de Carlos Drummond
Amor é primo da morte,
e da morte vencedor, por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.
6 comentários:
Margarida, imagina isso...Nhelas e Betu resolvem fazer um disco em parceria. Trocam visitas, empunhando seus violoes, brotam melodias, versos, sonham com talvez o que seria uma outra obra.
Isto me parece o que aconteceu pelos lados do Brasil. Havia contacto e interação entre grandes compositores. Espero que um dia possam acordar para isso.
Pois é Djinho. Já temos valores de sobra para começar(já vai tarde)a pensar nessa outra obra musical. Outras ousadias, novas viagens sonoras, encontros mais poéticos, outros Vôos.
Betú e Nhelas Spencer me parecem, de facto, duas grandes possibilidades. O espírito balançado e crítico de Nhelas, e as melodias densas e silenciosas de Betú podem, em síntese, revolucionar. São definitivamente os meus compositores. Falando em ousadias sonoras, Quarteto em Si parou de vez?
Margarida, esse som me pareceu muito bom, aliás até a foto de Dudu do seu post está bonita, lembrando aqueles elegantes cantadores de serenatas, né? Sei pouquíssimo da música caboverdeana, na verdade só conheço - e aprecio muito - a Cesária Évora. Aqui no Brasil é difícil, mas vou procurar mais, e esse "Nôs Cantador" está anotado.
Ah, adorei sua descrição do show, suas palavrinhas são encantadoras, lembrou-me que faz tempo que não vou a uma boa apresentação, daquelas de nos deixa enlevados, como parece que foi a sua.
Bjs, Vladimir
Vladimir, aqui só escrevo sobre coisas e pessoas que me encantam, que me tocam profundamente. E foi, sem dúvida, o caso do Show de Dudu Araújo. Há muito que amo a sua música, e passei a gostar dele: a sua relação sincera e profunda para com a música que faz. Respeito isso nas pessoas. Se quiseres, envio-te o Nós Cantador, com todo o prazer. Um disco estrondosamente cabo-verdiano e cheio de charme. Beijos
Margarida, puxa, seria muito gentil de sua parte; aqui no Brasil é difícil mesmo.
Não achei seu email, me escreve: vladimirbatista@uol.com.br
Bjs
bCara,
Não conhecia o cantor, vi um show na RTP Africa, na semana passada, e fiquei (e a minha mulher também) abismado com tanta qualidade. Um verdadeiro crooner. Emocionou-me.
Fez-me lembrar o Ildo Lobo! Jamais me esquecerei dos Tubarões no Coliseu dos Recreios em LX nos anos 80, não perdi 1 show que fosse.
Não consigo encontrar os seus cds nos circuitos habituais em Lisboa, o que me sugere para os ter?
Abr.,
Abílio Neto
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