Dudu Araújo é considerado, por muitos, o cantor da actualidade. Eu diria mais. Uma voz inconfundível, que desde os primeiros passos (início dos anos noventa, se não estou em erro) mostrou para que veio. O seu primeiro trabalho foi, durante anos, muito ouvido e apreciado entre nós, mas não aconteceu o mesmo com os dois seguintes, editados no Canadá onde reside. O quarto disco, "Pidrinha", foi muito celebrado, mas soube a pouco, tendo em conta a sua dimensão poética.
Neste momento o artista encontra-se na Capital cabo-verdiana a promover o seu último disco “Nôs Cantador” – título de uma morna do Betú incluída no disco, em tributo a Ildo Lobo. O último trabalho de Dudu Araújo é uma prenda e reúne, de uma sentada, os mais consagrados músicos e intérpretes cabo-verdianos: Bau e Hernâni na guitarra, Zé Paris no baixo acústico e Tey Santos na percussão. Dos compositores, Betú, Vlú, Nhelas Spencer, Teófilo Chantre e Manuel D`Novas impressionam com o seu lirismo.
"Nôs Cantador" segue a linha a que nos habituou Dudu. Mornas, coladeras, baladas. A nostalgia, o amor, a saudade, infortúnios dos ilhéus, a pobreza, a alegria são os sentimentos, puramente cabo-verdianos, que Dudu interpreta como ninguém.
Dudu Araújo é dono de um estilo próprio. Uma voz firme, definida e com personalidade. Escolhe a dedo as suas composições, ou melhor os seus compositores. Possui um primor estético pouco comum, e parece daqueles artistas sem pressa, metódicos, que esperam pelo dia do parto. São as impressões que me chegam dos discos, e de tudo que dele escuto cada vez que visita Cabo Verde. Certamente, terei algo mais a dizer, depois do show de hoje no Tabanka Mar.
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