Há cerca de dois anos, o jornal americano Boston Globe fez uma reportagem sobre esta mulher intitulada Maria full of grace. O que li aumentou o meu interesse por ela, e cada vez que a ouvia, gostava mais. Alguma coisa na sua música me transportava aos anos 80, periodo áureo da música cabo-verdiana. Ela é Maria de Barros - a diva cabo-verdiana na diáspora. Encontra-se em Cabo Verde para uma mega digressão pelas Ilhas de S.Vicente, Boa Vista, Santiago, Brava (provavelmente), Fogo e Sal. Esta cantora que em 2003 explodiu, pelas mãos da gravadora Virgin, só agora pôde mostrar às ilhas a sua música. Um encanto! São dois super discos gravados, Nhâ Mundo (2003) e Dança ma mi (2005) - compostos predominantemente por mornas e coladeras, interpretadas por uma voz límpida e singular, com estilo próprio, roçando ao de leve às grandes divas deste país.
Quando decidi gravar pensei na minha mãe. Queria que ela sentisse que gravei um disco genuinamente cabo-verdiano, disse-nos. Crioula cidadã do mundo, mas com os pés fincados na tradição do Arquipélago, Maria de Barros nasceu no Senegal, filha de pais brevenses. Depois, fez a sua infância na Mauritânia e a sua vida adulta nos Estados Unidos.
Maria de Barros é mais um sinal de que Cabo Verde, pelas malhas da Cultura, é uma nação sem fim. Um país que se afirma hoje no mundo pelo pulsar dos seus artistas e fazedores de Cultura, com destaque para os músicos. Ela é um exemplo deste vasto movimento que ganhou ressonância com o feito de Cesária Évora e retemperou atitude com o malogrado Orlando Pantera.
Por detrás dessa diva, e da sua face angelical, está uma mulher cheia de propósitos e de garra. Ela quer propagar Cabo Verde pelos quatro cantos do mundo, a partir da California onde vive. Fá-lo através da música e de um programa que apresenta, na Black Entertainment Television - BET, dedicado a músicas africanas.
Maria de Barros é, actualmente, uma das artistas cabo-verdianas mais celebradas a nivel internacional. Foi eleita personalidade World Music 2004 pela Revista afro-americana Essence e recentemente galardoada com o prémio Miriam Makeba de Excelência Musical.
Volto aos discos para dizer que Kalú Monteiro e Djim Job são dois produtores cabo-verdianos que asseguram o embalo criolo dos trabalhos da artista. A cantora diz que vai continuar com estes mesmos toques no terceiro disco, a ser gravado, durante a sua estada em Cabo Verde. Nos seus dois discos, além de composições próprias, traz músicas de Ramiro Mendes, Kalu Monteiro, Djim Job, Ano Nobo, Paulino Vieira e muitos outros.
À par do encanto criolo, vale ressaltar que de Barros interpreta ritmos e sotaques outros. No primeiro disco adoro o La gloria eres tu, um bolero. No segundo disco interpreta num francês assobiante a música Caresse moi.
Está feito o convite: dia 26 de Agosto, às 22 horas, no Auditório Nacional, Maria de Barros promete um show cheio de graça.
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