11 de outubro de 2006

Lugares


Ontem conversava com alguém sobre a emotividade. Confesso que fora uma conversa desconcertante. Susceptibilidades à parte, mas os lugares também são sujeitos de reflexão e diálogo. Ocorrem-me sempre os lugares, sobretudo aqueles que vou seleccionando como "meus lugares". São uma espécie de contrapartida aos "meus momentos". Quem sabe até sejam a mesma coisa.
Cabo-verdiana de condição, e sobretudo de opção, amo de forma muito própria os pedaços desta terra. Tenho sido recorrente, senão mesmo obstinada, no expressar o meu amor pelo Fogo, ilha que me viu nascer e crescer. Também amo, de paixão por resolver, as ilhas de Santiago, Maio e Brava. Por sinal, todas de Sotavento, mas "sem conotação alguma", como dizia o músico Cazuza.
A esses lugares, me ligam todos os sentidos a funcionar. Percepção total. Ou quase total, pois o absoluto, além de improvável, é detestável.

Guardo réstias de encontros e diálogos. Com os mais velhos. Com as histórias incríveis. Das catequeses. Das festas. Com as bandeiras e as cavalhadas. E os tambores que ainda repicam na minha lembrança…

Confessei, na referida conversa, que achava mágico o anoitecer em São Filipe. Na Ilha de Santiago, a Ribeira da Barca me faz recuar aos tempos das ligações marítimas com a ilha do Fogo. Veleiros fantásticos que sulcavam mares heróicos dos anos de antanho. Penso também no meu amor memorial pela Achada Falcão, pronunciada em quilombos, revoltas e quadras da escravatura. Talvez isso me tenha impelido a editar um documentário sobre as revoltas de Santiago. As tais razões que a Razão não explica…

Falando nisso, adoro o Porto Inglês, no Maio. O navio Essex ali parado no tempo, em escala para a longa saga da pesca da baleia. Os ianques e os cabo-verdianos, juntos, na conquista do Pacífico. No cristalino da Calheta, ainda no Maio, a aridez sisuda de Lém Tavares...a terra ulterior de Horace Silver. Aquele pianista…"The Capeverdean Blues", diria.

4 comentários:

Anónimo disse...

Margarida

"Os Momentos" è un progetto molto bene fatto.Dovete seguire questa linea effettivamente.Avete una nozione adeguata di coltura e della media.

Non sono un arrogante e stupido. Voi stessi, Eileen, Matilde e Kamya, tutte donnas, sono nella buona stratta.

Ho gradito "Lugares", un buon lavoro litterario.

Te voglio bene e dopo.

Arrivedercci,

Pasqualino Settebellezze, i.e. Badiu Civilizado

pura eu disse...

Obrigada Pasqualino ... Volta sempre!

Anónimo disse...

Porquê que a uns o gajo ataca e a outros (outras, mais precisamente) o gajo elogia? Muito intrigante! O que é que os blogs dessas "tutte donnas" têm e os blogs dos "rapacis" não têm? O gajo quer dividir para reinar e as meninas (claro) caem no papo furado. Essa "volúvel" da Kâmia, então, deve estar nas nuvens. Não confundam Djô ku Jah.

Txam bai ri gatxód.

Anónimo disse...

Oh, pá, não sejas ciumento, nem machista. As gajas fazem um trabalho sério e honesto. Fazem um blog mais cultural e menos brigão. O blog dos rapacis, desculpem a franqueza, parece uma briga de "comadres", salvando honrosas excepções.

Mas não vamos emporcalhar o blog desta menina, pois não? E nada de ciumeiras com os "Arrivedercci" do tal de Pasqualino. Se calhar é dos que leva flores...e as damas gramam disso.