28 de janeiro de 2005
"Banderona" na Ilha do Fogo
Este ano o dia da “Banderona” é celebrado a 7 de Fevereiro (dia de racodjê rênadu). É porque o ano é curto, dizem. Mas há 20 dias que Campanhas Baixo, norte da Ilha do Fogo, está em festa com o tradicional “midju na pilon” e “matança de animais”. O sinal de arranque é tradicionalmente dado por Francisco Fontes – conhecido popularmente por Nho Mulato - o responsável pela festa há quase 80 anos, já que desde os 11 anos de idade responde por essa manifestação religiosa e profana.
Banderona surgiu, há mais de dois séculos, de acordo com o Antropólogo visual Gueny Pires "numa Ribeira”. Conta Pires que “naquele tempo as pessoas ouviram o assobiar do vento, sons comparados com o toque de tambor e cantigas no ar, ao longo de 10 dias. Seguiram-se relâmpagos, trovões, tendo um raio caído numa Ribeira onde brincavam algumas crianças. A partir daí, a festa começou com as crianças que tocavam em latas. Depois então com o passar dos anos a Festa foi ganhando novas dimensões e hoje é uma das maiores festas culturais em termos de tradição e duração em Cabo – Verde."
Apesar desta particularidade, Banderona não tem merecido muita atenção da imprensa nacional. Tenho quase a certeza de que este ano não vai receber nenhuma notinha nos jornais, assim como aconteceu nos anos anteriores… o que poderá acontecer é ouvirmos alguma novidade por parte do Jaime Rodrigues, correspondente da RCV na Ilha do Fogo. Tudo isso, porque não é uma festa com potencialidades de voto. É, sim, um momento que reúne todos os filhos e amigos de “Campanas”, das ilhas e do estrangeiro. Uma manifestação religiosa que se assemelha muito à Festa de S. João Baptista, anualmente “tomada” por duas pessoas – o que corresponde a duas “praias” – semelhante a o que se apelida de Juíza na ilha de Santiago.
Em homenagem ao meu avô...
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