Esta ilha foi de escravos durante três semanas. Fora, no passado, com a inauguração do comércio de escravos africanos em 1466, na Cidade Velha, e durante longos séculos de exploração, separação e desespero humano. Mas as últimas três semanas, na Ilha de Santiago, foram bem diferentes. Termina no sábado a rodagem do filme “A Ilha dos Escravos” do realizador português, Francisco Manso.
É necessário dizer que estas filmagens mudaram um pouco, nos lugares onde aconteceram – Cidade Velha, Plateau, Monte Vermelho e Praia de S. Francisco – a rotina da comunidade. A alegria das pessoas de ver caras famosas como Zéze Mota, Milton Gonçalves, Diogo Infante e outros. Os decores rústicos que lembram a vida crioula do tempo dos nossos avós. Fiz esta viagem, às tantas. Os jovens figurantes que ganharam algum, e tiveram a oportunidade de conhecer os bastidores de uma longa-metragem, e os curiosos, que, simplesmente, olhavam parados.
Cabo Verde também saiu a ganhar. É isso, pelo menos, o que dizem os políticos. Promove a imagem do país lá fora, promove a Rota de Escravos de que fazemos parte; dizem mesmo que Cabo Verde vai se transformar, depois disso, numa placa de entretenimento no atlântico. Alguém sabe de onde tiraram isso? Foi o que ouvi, esta manhã, e fiquei assim a pensar…de onde tiraram isso?
2 comentários:
Bem, os nossos governantes devem ter uma assessoria mais atenta ou se calhar um raciocínio mais célere, para coibi-los de tiradas como essa. Aliás, esta semana, o nosso primeiro-ministro esteve imbatível em termos de declarações nonsense. Aquela sobre o batuque foi de matar...mais festivais?
Eu ainda não sei o que Cabo Verde vai ganhar com "A Ilha dos Escravos"... Eu ganhei já pelas pessoas que conheci por causa do filme. Encontramo-nos na estreia? ;)
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