27 de fevereiro de 2006

A viagem

A viagem liberta-nos, aponta-nos para novos caminhos, dá-nos outras alternativas, faz-nos sorrir para outros rostos, pensar em outras almas, e viver, um pouco mais, esse nós que um dia chegamos a conhecer sorrindo. Ainda que esta viagem seja até à rua ao lado. A viagem é muito mais profunda do que parece ser.

20 de fevereiro de 2006

Enigmas

De um modo estranho, misterioso, descobriu que, desde que se ligara a Lena, tornara-se mais atencioso com a filha e mais carinhoso com a mulher; era como se uma relação ajudasse a outra.

Em O Codex 632, de José Rodrigues dos Santos. Um belo romance!

14 de fevereiro de 2006

As sem-razões do amor

Eu te amo porque te amo,
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.

Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.

Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.

Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.

Carlos Drummond de Andrade

11 de fevereiro de 2006

moments

"moments can be monuments to you
if your life is interesting and true" (sj)

foto e frase

O mundo de Verger

Conheça Pierre Verger e confira aqui o surpreendente álbum humano do fotógrafo/antropólogo que mais pesquisou, e tentou compreender o fenómeno da negritude, nas suas várias dimensões. Viajou por todo os continentes, esteve em Cabo Verde, em 1940, de passagem rumo à América do Sul. Das suas viagens resultaram um espólio de cerca de 14.000 fotografias.

9 de fevereiro de 2006

Os amantes


Dois amantes felizes não têm fim nem morte,
nascem e morrem tanta vez enquanto vivem,
são eternos como é a natureza.

Neruda

1 de fevereiro de 2006

Amigo



Mal nos conhecemos
Inaugurámos a palavra «amigo».

«Amigo» é um sorriso
De boca em boca,
Um olhar bem limpo,
Uma casa, mesmo modesta, que se oferece,
Um coração pronto a pulsar
Na nossa mão!

«Amigo» (recordam-se, vocês aí,
Escrupulosos detritos?)
«Amigo» é o contrário de inimigo!
«Amigo» é o erro corrigido,

Não o erro perseguido, explorado,
É a verdade partilhada, praticada.

«Amigo» é a solidão derrotada!

«Amigo» é uma grande tarefa,
Um trabalho sem fim,
Um espaço útil, um tempo fértil,
«Amigo» vai ser, é já uma grande festa!

Alexandre O’Neill, in No Reino da Dinamarca