24 de maio de 2006

aquele olhar

o reencontro
outra despedida

aquele olhar de sempre
solitário...triste

morrer é uma certeza
viver... quem sabe!

21 de maio de 2006

Depois de tudo

Example

Netinho entre a gente

ExampleO cantor brasileiro, Netinho de Paula, actuou, ontem, no Festival da praia da Gambôa, logo depois da Lura. O público ficou extasiado com a performance simpática e descontraida no palco, tanto do Netinho como da sua banda. Com certeza, um momento para não se deixar perder.
Netinho de Paula dispensa apresentação não só no Brasil, mas também em Cabo-Verde. É a primeira vez que visita estas ilhas, mas é visto todos os domingos na Rede Record, a apresentar o programa Domingo da Gente. Disse estar bem impressionado com o carinho e a familiaridade com que as pessoas o receberam.

O sucesso de Netinho vem de trás. Mais precisamente de 1986, quando, com outros jovens, cria em S. Paulo o grupo de pagode romântico, Negritude Júnior. Uma banda que nasceu para comungar e celebrar os ritmos da negritude de várias paragens. Trouxe ao samba e ao pagode, o reggae, o funk, a salsa, e muito mais. Uma verdadeira revolução cultural. Negritude Júnior foi uma das primeiras bandas compostas por negros que começou a ter presença na mídia brasileira.

No ano 2001 Netinho adopta De Paula, segue carreira a solo e se estreia nas lides da televisão como apresentador. O sucesso puro e simples nunca foi o seu objectivo. O artista é hoje uma personalidade prestigiada no Brasil, devido aos projectos sociais que desenvolve em bairros periféricos em S. Paulo. Um dos seus grandes sonhos foi concretizado em Novembro do ano passado com o lançamento do seu próprio canal de televisão - TV da Gente. Outra revolução. Desta feita, cultural, social e política. O canal de televisão para negros, emite em 10 capitais brasileiras, em canal aberto, e é uma das estações que mais se abre internacionalmente. O projecto da TV da Gente é inserir o negro brasileiro na midia, e contribuir para o desbloqueio racial daquela sociedade. Pela dimensão do projecto, Netinho de Pula recebe no dia 25 deste mês, em S. Paulo, o I Prémio África Brasil, no âmbito do dia da África.

TV da Gente pode vir a ser assistida em Cabo Verde, a depender do interesse nacional. Netinho e o director do canal, Wilquison Colombo, estão a encetar contactos nesse sentido. A presença desse canal em Cabo Verde, pode, segundo Netinho, passar por coo-produções com a TCV.

Netinho de Paula, sai dentro de duas semanas da Record para prosseguir com a sua carreira de apresentador no seu canal de tv, e começar, para breve, uma tournée de divulgação do seu primeiro DVD intitulado Netinho de Paula in concert.

os momentos entrevistou Netinho de Paula

19 de maio de 2006

Solidão na ilha

As ilhas são lugares de solidão e nunca isso é tão nítido como quando partem os que apenas vieram de passagem e ficam no cais, a despedir-se, dos que vão permanecer.
Na hora da despedida, é quase sempre mais triste ficar do que partir e, numa ilha, isso marca uma diferença fundamental como se houvesse duas espécies de seres humanos: os que vivem na ilha e os que chegam e partem.

In: Equador, de Miguel Sousa Tavares. Excitante!

17 de maio de 2006

J´aime ta voix

reconheço nela sons do deserto
ritmos com memória
amo o mbalax
como se do batuque do lado se tratasse
simplesmente Yossou
amo a tua voz
a voz do Joko

Abraão tem notícias de África

Cabo Verde – spritu lebi é título de uma exposição fotográfica de Abraão Vicente, patente, neste momento, ao público mindelense. Estivera na Praia, no Centro Cultural Francês. Um olhar humano sobre os rituais da morte, e da vida, as gentes e a tradição da Ilha de Santiago. Quinze fotos dessa exposição foram seleccionadas, numa lista de centenas de fotógrafos africanos, para participar no Notícias de África, em Paris. Uma mega exposição fotográfica que acontece em Setembro, e reúne 60 fotógrafos de 23 países africanos, portadores de um novo olhar sobre o continente negro.

O evento é organizado por três agências de fotografias de Paris, e vai obedecer a cânones pouco convencionais, em termos de formato. Algumas ruas de Paris vão acolher uma exposição inovadora em outdoors e murais. Outra ideia da organização é construir um álbum de família. Ou seja, conseguir com algumas famílias africanas residentes em Paris, duas ou três fotos que retratam a sua vida nessa cidade, e expor num mural. Prevê-se também sessões de áudio e vídeo com motivos africanos – será uma verdadeira exposição de África em Paris.

Abraão Vicente, o escolhido para representar Cabo Verde, é formado em sociologia, e se fez no mundo da arte enquanto artista plástico. Há dois anos deixou Barcelona, onde experimentou a miscelânea e a ousadia artísticas. Cabo Verde Spritu lebi é a sua primeira exposição fotográfica em Cabo Verde, tendo anteriormente realizado várias mostras de quadros.

16 de maio de 2006

Praia.Mov

A praça Alexandre Albuquerque, na Praia, recebe, desde ontem, uma exposição fotográfica intitulada Praia.Mov.
Um conjunto de 40 fotografias de César Scholfield e Omar Camilo. Artistas portadores de perspectivas estéticas únicas sobre uma mesma realidade. A explosão urbana praiense. Uma cidade em movimento. Uma cidade com contornos díspares, sejam eles humanos, arquitectónicos ou sociais. Uma cidade moderna, feita também por traços universais. Praia.Mov é uma exposição de fotografia aliada à arquitectura.

Dois contentores perpendiculares, e um terceiro sobreposto, montados pelo arquitecto Nuno Carvalho albergam a exposição, numa clara alusão a uma cidade em formação, feito histórico nestas paragens.

Praia.Mov incorpora a arquitectura, sobretudo, como um elemento funcional e transversal na dinâmica de uma cidade em transformação.

Uma cidade que interpela a um outro olhar, a todos os níveis. Um olhar que não o de coqueiros, e de mulheres bonitas apenas. Um retrato mais plural da cidade, sob perspectivas artísticas ou humorísticas, avança Cesar Scholfield.

Praia.Mov é um movimento que pretende continuar sob outras perspectivas.
Aberta a partir das 5 da tarde, até ao dia 21, Praia.Mov é a segunda exposição de César Scholfield, a estreia de Nuno Carvalho, e mais um rasgo artístico na longa estrada de Omar Camilo. Apareçam!

15 de maio de 2006

eterna saudade

momentos eternos
instantes fugazes
de silêncio
de dor
de angústia
de felicidade, e de saudade
saudade profunda
difusa
perturbadora
e eterna!

11 de maio de 2006

10 de maio de 2006

Tchitchite

Alexandre Andrade, o tocador de tambor de avental branco na foto ao lado, foi o homenageado da bandeira de S. Filipe de 2006. Era mais conhecido por Tchitchite, “rei de djarfogo”. Foi o tocador da primeira bandeira de S. Filipe (entende-se aqui a primeira bandeira como a do desenterro, em 1917). Tchitchite criou todos os toques dessa bandeira, conhecidos por briais: o brial do almoço dos cavaleiros, o brial das corridas de perícia, o brial das cavalhadas, da tomada de bandeira, e assim por diante. Um mestre, portanto!

A Câmara Municipal de S. Filipe homenageou esse homem, falecido em plena bandeira de S.Pedro, a 27 de Junho de 1984, mas esqueceu-se de falar do seu grande feito em prol das bandeiras do Fogo.

Tchitchite foi também, quando chegou a S. Filipe, o pregão da cidade. A pessoa que anunciava as deliberações da Câmara Municipal, a chegada dos barcos no porto, etc.
O homem da foto, ao lado de Tchitchite, chama-se Pedro de Pina. Faleceu em 1996 e foi o sucessor de Tchitchite como primeiro tamboreiro da Ilha do Fogo. Ao redor, algumas coladeras famosas, algumas ainda no activo.

A sessão acima, para quem não sabe, denomina-se pilão - a preparação do milho para o dia da festa grande, que decorre num ambiente festivo de cânticos e toques de tambor.

8 de maio de 2006

Há luz na Cidade...

ExampleA Ilha do Fogo, ouvi ontem num programa na TCV, não deixa ninguém indiferente. A paisagem dura, o negro, a força humana, a (ainda) harmonia arquitectónica da Cidade de S.Filipe encantam a qualquer visitante.
A Cidade e a Ilha não estão paradas mercê da sua história e riqueza natural. O Vulcão activo e lindíssimo é um santuário cada vez mais adorado, graças aos empreendimentos turísticos desenvolvidos em Chã das Caldeiras, ligados à produção do vinho, e à hotelaria.

Na Cidade, nunca é demais falar da Casa da Memória, um autêntico museu sob a responsabilidade da Monique Widmer – um local onde se pode conhecer pelos objectos ali expostos, o quotidiano passado das gentes da ilha. Uma vertente bibliográfica faz parte do projecto.

Mesmo ao lado da igreja matriz está o Djar´Fogo de Agnelo Vieira Andrade, um espaço que aposta na promoção de roteiros turísticos culturais na ilha, aberto a estrangeiros e residentes. Acolhe, neste momento, duas exposição de pintura: da francesa Dominique Delaroche, e do bravense José Andrade.

No Alto de S.Pedro, a parte que divide Bila Baxu da Bila Riba, fica o Le Bistrot – uma casa antiga com o encanto do seu pátio e quintal, que também promove tours turísticos pelos cantos da ilha… de lá também se avista a Ilha Brava, numa distância confortável, dir-se-ia que irreal, de tão perto.

O interior norte da ilha igualmente recomendo. Não estive na Praia das Salinas em S. Jorge, mas aconselho a piscina natural. Não estive em Pico Pires, mas aconselho vivamente a visita da Capela.

Sempre passei por Cabeça Monte, a caminho de Lagariça, e sonhava com aquela casa de Nhô Agnelo eternamente fechada. Agora que se abriu, lá fui…e provei as especialidades matinais da casa. O ambiente inspirou um programa de Televisão… dentro de dias hão de indagar, aqueles que ainda se assumem telespectadores da TCV, que belo lugar esse, onde o Alveno Figueiredo entrevistou o Presidente da Republica!

A Cidade de S.Filipe cresce, um pouco irregularmente… surgem novos tamboreiros, e coladores. Pistas para uma outra nota, entretanto!

4 de maio de 2006

Era uma vez S.Filipe...


A Ilha do Fogo proporcionou aos seus visitantes de 25 Abril a 2 de Maio uma temporada jamais vista em Cabo-Verde.
Para começar, imaginem um show a começar na boca noti à frente do vulcão, ventado por um fresco característico de Chã das Caldeiras. Tito Paris, Ramiro Mendes, Tcheka numa dupla imbatível com Hernâni, Violinistas locais, e muito mais… O show foi produzido pelo jornal A Semana, no âmbito da abertura da sua delegação local…

Sobre a festa da bandeira, em si, deixo os pormenores com a Kamia no So Pa Fla. Um à parte: o Cola Sandjon (presente no painel fotografado pela Kamia) não faz parte da bandeira de S.Filipe. O Cola de S.Filipe são cantigas espontâneas entoadas pelas coladeras e coladores… não a dança típica de S.Antão erroneamente representada no painel.

As obras do presídio. Viram? Aquele presídio de onde sempre se avistou a brava… aquele que Teixeira de Sousa descrevia. Hoje ostenta uma grade à volta, e um palco de cimento fixo. O chão é azul. Não digo mais.

O emblemático sobrado de Nho Agnelo (construído nos finais do Séc. XIX) foi inaugurado como Sobradinho/hotel. A restauração do sobrado, em si, me pareceu interessante, mas o apêndice que construíram à frente! A própria arquitecta da obra admitiu que aquilo é um non sense estético. Mas como precisavam de uma recepção!

A praça central, à frente da Câmara, está, a partir de agora, cercada. O chão é também azul com tudo o que tem direito: umas pinturas de ramo de café e um vulcão. Os clichés todos.

Há! No Alto de S.Pedro construíram um coreto… a vista para Bila Baxu já não é a mesma coisa.

O Ministro da Cultura ficou de visitar essas obras, e se posicionar depois de um parecer técnico do Instituto de Investigação e Promoção Culturais. A Instituição que cuida da preservação do património em Cabo-Verde, mesmo depois da corajosa carta aberta do cidadão Fausto do Rosário contra o Presidente da Câmara Municipal de S.Filipe, e do protesto de três operadores turísticos residentes na ilha, acorrentados às grades da praça, não disse uma única palavra.

Vamos aguardar.