8 de dezembro de 2007

Teledramaturgia...

Nelson XavierAcompanho com interesse as telenovelas brasileiras, por razões várias. Primeiro, porque são, de um certo prisma, as melhores do mundo. Também porque é uma das formas de acompanhar o pulsar da complexa realidade social do Brasil. As telenovelas, sobretudo, as da Globo permitem isso, ainda que delas tenha uma perspectiva crítica. A depender do realizador, do elenco e da tipologia (urbana, regional, época), vai variando o nível de interesse. Sem contar a minha paixão para ler o enredo e a trama. Acompanho, sim, as telenovelas com preocupações muito particulares e próprias, mas de forma despretensiosa.

Da actuação, não apenas nas telenovelas, tenho a mania de me atentar nos actores secundários e acredito que, quase sempre, são eles as chaves para os grandes enigmas. Depende muito do faro do director e do carisma do actor, claro está. É nessa óptica que queria destacar o brilhantismo na actuação da personagem Bento (foto) na telenovela Belíssima, interpretado por Nelson Xavier. Só agora, passados cinco meses do início da emissão desta telenovela pela Televisão de Cabo Verde, é que Bento começa a se revelar, remexendo em pistas chaves que permeiam toda a história. As suas esporádicas aparições anteriores foram igualmente marcantes. Confesso que no início estranhei que um actor como Nelson Xavier estivesse a desempenhar um papel tão aparentemente secundário. Depois, comecei a ver que estava enganada. O mesmo direi do seu companheiro de quarto: um miserável de olhos tristes que engendra sofisticados golpes e crimes horrendos. Independentemente da pertinência da história, que deve intrigar à priori, é fascinante a capacidade funcional das redes conflituais, principalmente se for uma obra, à partida, fechada. Não sei se foi o caso da telenovela em questão.

O problema é que o potencial de uma telenovela pode se diluir no seu próprio formato: histórias prolongadas que se fragilizam com o tempo, por exemplo. É um desafio.

Voltando à telenovela, é também pela acertada colocação dos actores secundários que uma boa trama se desenrola. Secundário nada tem a ver com o eventual papel marginal que se depreende de um enredo ou de uma narrativa...

Natal

Pelos braços de um anjo, entrei na dança
Desde o toque inicial, o balanço (bom)
A música, tua e minha
E todo o Natal...

Sem comentários: