31 de janeiro de 2008

Presságio negado

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Hoje, passando pelo quadro horóscopo, num exercicio humano confesso de querer sentir o gosto do porvir, li algo que dizia taxativamente : infelizmente, terá de abandonar uma actividade muito gratificante. Será o blog ? Para exorcizar esse presságio, vim cá, ainda que sem um post. Aproveito apenas para, de forma muito pessoal e companheira, saudar os novos amigos que surgiram na esfera blogueira caboverdiana. E dizer-lhes que continuaremos a ser, orgulhosamente, a turma do cabo verde blog, como sentenciou o café bem gostoso do João Branco.

30 de janeiro de 2008

momento phill



















Hoje, este homem fez anos. Nasceu Philip David Charles Collins, em 1951, na Cidade de Londres. Cantou durante toda a vida e isto é de encantar. Esteve sempre ligado a uma banda, em tempo de experimentação e de profissão. Não irei aqui falar dos seus discos, nem da sua carreira, mas realçar a cumplicidade que este sempre cultivou entre a arte e a sua vida pessoal, se quisermos - o cunho existencial da sua música: as tristezas, as alegrias, as conquistas, as perdas… tudo, numa melodia inconfundível. Sons que marcam e perduram : momentos…

24 de janeiro de 2008

Angústia

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Tortura do pensar! Triste lamento!
Quem nos dera calar a tua voz!
Quem nos dera cá dentro, muito a sós,
Estrangular a hidra num momento!

E não se quer pensar!... e o pensamento
Sempre a morder-nos bem, dentro de nós...
Querer apagar no céu - ó sonho atroz! -
O brilho duma estrela com o vento!...

E não se apaga, não... nada se apaga!
Vem sempre rastejando como a vaga...
Vem sempre perguntando: "O que te resta?..."

Ah! não ser mais que o vago, o infinito!
Ser pedaço de gelo, ser granito,
Ser rugido de tigre na floresta!

Florbela Espanca

17 de janeiro de 2008

O fazedor de utopias*

«Amílcar Cabral nasceu guineense e cabo-verdiano, numa generosidade pan-africanista que, paradoxalmente, haveria de ser a sua desgraça. Tenho para mim que foi uma das figuras mais interessantes do século XX, uma espécie melhorada (muito melhorada mesmo) de Che Guevara africano. O facto de o seu nome e de a sua obra dizerem hoje tão pouco às novas gerações de intelectuais africanos, e de ser praticamente desconhecido fora do continente, afigura-se-me uma enorme injustiça. Este livro tenta devolver ao grande público essa figura maior de África. Fá-lo numa linguagem jornalística, apoiada numa investigação rigorosa. O facto de o seu autor, António Tomás, ser angolano, não me parece irrelevante. Trata-se de dar a ver um pensador e combatente africano numa perspectiva africana. Algo que teria certamente agradado a Amílcar Cabral.» José Eduardo Agualusa

* A propósito do lançamento na Praia (Spleen Edições) no dia 24 de Janeiro, Quinta-feira.

15 de janeiro de 2008

Da imagem

















1. Os jornais da última semana trazem a foto acima que ilustra uma campanha da seguradora Impar relativamente aos seguros das empregadas domésticas. Um sinal de dignidade que um país de Rendimento Médio deve abraçar sem reservas. Lamentavelmente, uma vez mais a publicidade no nosso país falha por recusa. Quantas de nós somos, ou temos empregadas desse estilo ? Mas não iremos alongar mais, até porque é um assunto que já tinhamos abordado em outras jornadas, e que, pelo andar da carruagem, incomoda muito pouco. O facto incontornável é a sua ineficácia. Nisso, temos de estar de acordo.

2. De referir, é o foco e a graça do spot da T+: muito interessante. Deviam era apostar em menos emissões, evitando um possível cansaço de potenciais clientes.

4 de janeiro de 2008

Um adeus

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Tenho pensado em vós, nas palavras, em ti, mas sobretudo na canção que do tempo irrompe. Com esse pensamento bom, forte, e por vezes fugaz, saboreio o Janeiro. Pela janela do quarto, do carro, me surgem os versos de Calcanhoto, pelas ruas a caminhar, sou tomada pelo balanço bom do Seu Jorge. Entre o Dezembro e o Janeiro ficam a lucidez e a poesia.

um instante, prossigo:

Aqui me tenho
Como não me conheço
nem me quis
sem começo
nem fim
aqui me tenho
sem mim
nada lembro
nem sei

à luz presente
sou apenas um bicho
transparente

Ferreira Gullar