20 de outubro de 2010
A propaganda, o prestígio, a reacção bomba, e o salve-se quem puder
Semanas antes do debate parlamentar sobre o Estado da Nacão, numa investida de propaganda sem precedentes, o Governo produziu programas televisivos mostrando trabalhos de ministério a ministério; na mesma senda, os embaixadores (na contramão da diplomacia) apareceram no programa palaciano, em fila de rosário, tecendo rasgados elogios a Cabo Verde, sub-entende-se governação de José Maria Neves. Em toda essa empreitada, não adivinhava o governo que estava a dar um tiro no pé (em democracia actos do género são um tiro no pé, porque a reacção não tarda e o efeito se desarma). O mais insólito desta sanha política foi a ideia de eleger os embaixadores como vozes da legitimação do sucesso governativo, e eco do prestígio internacional. Algumas embaixadoras ainda hoje aparecem na imprensa, mais do que qualquer ministro, candidato, artista ou cidadão deste país...
O fim da missão da embaixadora dos EUA contribuiu para diminuir a intensidade do desfile. Em nenhuma outra missão da sua vida futura, Marianne Myles dará tantas entrevistas. Justiça seja feita à contenção da diplomacia francesa.
Resultado: em reacção, e num mato sem cachorro, o MPD encheu o país de outdoors estatísticos sobre a pobreza e outras denúncias, terá ligações ao bombástico JÁ, um semanário de distribuição gratuíta, inaugurou sites e rádios de campanha; organizou na Praia o festival da Constituição (o primeiro) e já anunciou o segundo, desta feita em S.Vicente, na Rua de Lisboa, cujo programa citamos: Cordas do Sol, Tucim Bedj, discurso de Carlos Veiga, e Boss AC.
Mais: Carlos Veiga apareceu terça à noite num tempo de antena sui generis, a condizer com a conjuntura de insólitos, demonstrando a sua orgulhosa cumplicidade "com a metrópole”. Apareceu ao lado, primeiro, de Marcelo Rebelo de Sousa, figura incontornável em Portugal, conhecida por uns dez grãozinhos de cabo-verdianos, depois, em conversa com alguns autarcas lusos; câmaras que tradicionalmente dinamizam geminação com autarquias nacionais, e/ou acolhem números expressivos de cabo-verdianos. Estes, tecendo rasgados elogios à figura do líder ventoinha, e “confirmando” “a sua boa mão governativa”, como aquela capaz de transformar, de facto, Cabo Verde. De Marcelo Rebelo de Sousa, por exemplo, ouviu-se que Carlos Veiga é um homem concreto, pouco dado a marketing, um homem de acção.
A guerra eleitoral está aberta, e salve-se quem puder!
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2 comentários:
Acho que é mais "ganhe quem puder... mais".
Guerra é guerra e cada um safa-se como pode.
O PAI tem a seu favor a conjuntura e os meios que a conjuntura lhe permite ter, e tolo seria se não os usar...
O MpD, luta como pode.
No final o povão(zinho) avalia.
E nós,
conscientes do "grande" exemplo de democracia que somos.
Yes, da Caps... "amei a súmula"
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