16 de dezembro de 2010

Aos amigos


















Se não vejo o mar
sinto falta de ti,
e do sol que nos une,
sinto falta da vida
e desta viagem ausente.

Si no veo el mar
te echo de menos,
y echo de menos el sol que
nos une,
echo en falta la vida
y este viaje ausente.


pura eu: aos amigos desta longa e ausente viagem virtual, com votos de festas felizes.

15 de dezembro de 2010

As Eleições e a passividade (selectiva) da CNE

























A entrevista concedida terça-feira pela Presidente da Comissão Nacional de Eleições (CNE) à TCV, deixou a nu a passividade preocupante desse imprescindível e superior órgão eleitoral. O primeiro pronunciamento oficial da CNE relativamente às eleições legislativas de 2011 resultou da interpretação do Código Eleitoral, nomeadamente da lei que proíbe, dois meses antes das eleições, a propaganda dos partidos em meios comerciais. Uma lei que visa garantir igualdade de oportunidade, já que nem todos os partidos dispõem dos mesmos meios financeiros. A CNE activou ainda a lei que exige a imparcialidade e a neutralidade das entidades públicas até ao dia 6 de Fevereiro, dia das eleições. E aqui entram os serviços públicos, todos, incluindo a comunicação social do estado. (ler aqui)

Depois do primeiro comunicado, os partidos retiraram os outdoors das ruas, mas os do governo continuaram. O Movimento para a Democracia já reclamou, tendo, inclusive, apresentado queixa à CNE, palavras da própria presidente. A pergunta é: porque é que a CNE precisa de uma queixa para só depois cogitar (a instrução do processo) e a retirada dessas propagandas?

Outra situação de extrema preocupação tem a ver com o recenseamento na diáspora. A CNE encara com naturalidade o facto das Comissões de Recenseamento Eleitoral (CRES), em alguns círculos, terem tomado posse com atraso, os seus orçamentos terem sido aprovados com atraso, porque “são as burocracias do país”, e “os recursos não abundam”. A Presidente da CNE conforma-se, e não consegue colocar em cheque as prioridades de um país que há mais de ano tem gasto rios de dinheiro em propaganda em todos os meios possíveis, em vez de investir seria e profundamente na garantia do voto consciente. O próprio apelo ao recenseamento no país foi deficitário, pouco activo...

Essa mesma CNE desdobra-se para dar lição de imparcialidade e neutralidade aos jornalistas; o segundo comunicado oficial da CNE diz respeito ao tratamento jornalístico dos candidatos. Como se os agentes da propaganda se restringissem aos candidatos e/ou partidos políticos!!! (ler aqui)

Finalmente é de se saber: terminou a propaganda nas instituições públicas do país? À Comissão Nacional de Eleições vale averiguar, indo um pouco além das letras do Código Eleitoral.

9 de dezembro de 2010

Em busca da cidade perdida




















A Igreja de Nossa Senhora da Luz (foto), Concelho de São Domingos, Ilha de Santiago, é o único vestígio notório da antiga sede da Capitania - donatária de Alcatrazes. O histórico e simbólico monumento vai ser finalmente reabilitado.

A Capitania dos Alcatrazes, actualmente “Baía” é a cidade perdida de Cabo Verde. Foi criada nos anos de 1460, aquando do povoamento das ilhas. Por testamento de 28 de Outubro de 1460 legava o Infante D. Henrique a seu sobrinho, Infante D. Fernando, todos os privilégio que lhe haviam sido concedidos sobre as terras de África. Na Ilha de Santiago foram criadas duas Capitanias: a primeira a sul com Sede na Ribeira Grande – Cidade Velha era atribuída a António de Noli. A segunda a norte, com sede na Baía dos Alcatrazes, era concedida a Diogo Afonso como recompensa dos seus trabalhos no reconhecimento das restantes 7 Ilhas, descobertas posteriormente.

Arqueólogos cabo-verdianos e ingleses escavam vestígios de toda essa história no âmbito do início da recuperação da igreja. Num primeiro momento o objectivo é encontrar o piso original da capela.
Esta é de certeza a segunda cidade. Temos vindo para aqui durante anos tentando descobrir onde fica a cidade perdida: existem casas novas construídas perto daqui. Mas se supõe que existia aqui uma cidade maior, e nós tentámos encontrá-la. Portanto, esta igreja é uma espécie de símbolo da cidade perdida, disse-nos Christopher Evans, director executivo do Departamento de arqueologia da Universidade de Cambridge, Inglaterra.

Depois de reabilitada, a igreja retoma a sua função original: lugar de culto, mas o projecto do IIPC e da Paróquia de Nossa Senhora da Luz prevê transformar o sítio em lugar de peregrinação, potenciado toda a sua carga histórica e patrimonial.

O anexo à capela, construído posteriormente, onde, normalmente funciona a missa, vai permanecer e terá um fim a ser determinado pela paróquia.

3 de dezembro de 2010

Poesia na (p)raia




















O silêncio em nós
é um vazio preenchido.

Sereno e testemunho dos dias.
A noite é mais veloz nos trópicos, já dizia o poeta.

Para não mais falarmos do tempo.

Amigo: pura eu

1 de dezembro de 2010

MarkGmania





















Basta estar atento aos novos lançamentos discográficos em França, Holanda, Estados Unidos e Cabo Verde para se perceber um denominador comum que se desponta nesses trabalhos: o teclado, a guitarra e o cavaquinho (algumas vezes) unem-se e exibem-se aos nossos ouvidos com um estilo peculiar entre os ritmos todos. Falamos da marca do jovem cabo-verdiano, 31, Mark Gonçalves. O produtor residente nos Estados Unidos trabalha com músicos de diferentes latitudes.

Começou cedo na música, para depois ingressar na Universidade de Berkeley em Boston. Depois de dois anos a estudar música, decidiu partir para o mundo da experimentação, tendo os ritmos cabo-verdianos como inspiração, ao mesmo tempo que fazia incursões em outros sons e cheiros culturais. Tocou numa banda haitiana, a ponto de ser confundido com um deles. É homem do teclado, da guitarra, do trompete...

Com essa busca, Mark G tornou-se um artista de todos “os domínios”: foi, por exemplo, produtor do segundo disco do músico e tamboreiro Talulu, um trabalho aturado de ritmos tradicionais foguenses; ao mesmo tempo que trabalha em estreita sintonia com Dj´s. O trabalho de masterização que fez no CD/DVD “the lights kings” com Dj Guelas, Dj Mastermind, DJ Baby T, Dj Chris e Dj Lefty é disso exemplo.

Nesses 10 anos de muito trabalho, o produtor percorreu um longo caminho e construiu com ares próprios uma lista consistente de produções. Trabalhos de artistas como Kaysha, Nelson Freitas, MC malcriados, Mika Mendes, Loony Johnson e tantos outros já passaram pelas suas mãos.

Esta semana o produtor lançou uma colectânea com cerca de 20 artistas (Mark G. and the Heavy Hitters): uma espécie de selo Mark G. Encontra-se em Cabo Verde para algumas actuações nas ilhas do Fogo e Santiago. Soube que está entre os nomeados do Cvmusic Award para o prémio de melhor produtor, o que o deixa satisfeito.