A HISTÓRIA de Domingas e de Antonieta, mãe e filha, separadas há 39 anos pelos destinos da história, conhece um final feliz. Há um mês, graças à Radiotelevisão Portuguesa, fizeram-se os primeiros contactos via telefone e uma reportagem de ponta a ponta – estando a filha em Cabo Verde e a mãe em São Tomé e Príncipe. A chegada de Domingas e de seu filho Armando ao aeroporto da Praia, a 25 de Setembro, fruto de uma verdadeira “operação resgate”, conta uma pequena parcela do grande drama humanitário que tem sido a emigração cabo-verdiana em São Tomé e Príncipe. Domingas não regressa a Cabo Verde apenas para o “descanso da velha guerreira”, mas para fugir à fome e reencontrar, pela primeira vez em quase 40 anos, a filha Antonieta, que deixou com apenas alguns meses. “Estou feliz, tenho uma grande alegria dentro de mim”, desabafa Antonieta. Em Tira-Chapéu, bairro suburbano da cidade da Praia, foi notória a alegria dos familiares, dos amigos e dos vizinhos. Ainda não refeitos da comoção deste reencontro, subsistia na face dos recém-chegados as marcas da reintegração e do regresso. Se São Tomé e Príncipe, tanto na poética como no imaginário colectivo cabo-verdianos, persiste como um “caminho longe”, o regresso, ainda que “pródigo”, não exorciza de todo o trauma dos anos passados em regime de quase escravatura e de uma vida comunitária sem cidadania. Depois de trabalhar durante três anos em S. Tomé, Domingas quis voltar. Arrumou a sua carga, pronta para partir para o porto da Praia, quando deu conta que o marido lhe tinha tirado a folha do contrato da emigração. “Diante disso, tive que desistir e tempos depois arrebentou o 25 de Abril”, diz. Apesar da dramática história, o desfecho não deixa de ser feliz para Domingas e sua família. Em verdade, milhares de outros cabo-verdianos saídos de Cabo Verde há muitas décadas e contratados como serviçais nas roças de cacau de São Tomé e Príncipe continuam a viver em condições infra-humanas. Forçados a emigrar para o “Sul”, para fugir às sucessivas fomes e para preencher a demanda de mão-de-obra semi-escrava nas roças de São Tomé e Príncipe, durante o período colonial, eles nunca viram o resultado do seu trabalho. As independências de Cabo Verde e de São Tomé e Príncipe nunca lhes conferiram qualquer tipo de cidadania. A descolonização portuguesa tão-pouco lhes emprestou alguma dignidade humana. Mais de 50 mil cabo-verdianos, de muitas gerações, mantêm viva a “ideia” de Cabo Verde como “Terra Prometida”. O primeiro-ministro, José Maria Neves, durante a Quinta Conferência dos Chefes de Estado e de Governo da CPLP, em São Tomé e Príncipe, teve oportunidade de constatar esse verdadeiro desastre humanitário. O estadista cabo-verdiano chorou diante da realidade, e a visita às roças tê-lo-á marcado profundamente. “Há um antes e um depois desta visita a essa comunidade na vida política de José Maria Neves”, afirmou um membro da delegação cabo-verdiana. Anos antes, o Presidente da República, Pedro Pires, tinha chamado à solidariedade os cabo-verdianos do mundo inteiro em relação às emigrações mal sucedidas, numa clara referência aos casos de São Tomé e Príncipe, Angola e Moçambique. Os cabo-verdianos, na sua maioria, nos países africanos – mesmo nos casos da Guiné-Bissau, Senegal e Costa do Marfim –, não se consideram bafejados pela sorte. Também aqueles que vivem nos bairros degradados nos países do Norte – Portugal, França e Estados Unidos –, não se podem considerar bem sucedidos. Só que, dos vários dramas que condicionam a vida de muitos cabo-verdianos pelo mundo, o de São Tomé e Príncipe é de longe o mais gritante. E desumano…
Margarida Fontes
30 de setembro de 2004
22 de setembro de 2004
Luis Represas em Cabo Verde
O eterno lider dos "Trovante", Luis Represas, esteve entre nós para uma actuação no Festival de Santa Maria, na Ilha do Sal. Um espectáculo que trouxe ao convívio do público as músicas dos Trovante e dos discos a sólo desse astro português. Numa entrevista, em directo, na TCV, Luis Represas falou-nos do dueto que fez com Mário Lúcio, no seu mais recente disco "Mar e Luz". Como não poderia deixar de ser, Represas disse-nos o quanto foi dificil o fim da sua banda, que foi considerada, na década de 80, em Portugal, o percursor de um novo cancioneiro português.
A actuação de Luis Represas foi marcante, como sempre. Para quem, como eu, assistiu pela primeira vez o espectáculo desta referência da música lusa, valeu muito a pena.
A actuação de Luis Represas foi marcante, como sempre. Para quem, como eu, assistiu pela primeira vez o espectáculo desta referência da música lusa, valeu muito a pena.
7 de setembro de 2004
Mar e Luz de Mário Lúcio
A Mala Produções e a Celluloid promove o avant-primière do álbum MAR E LUZ, de Mário Lúcio, a ter lugar no Farol Maria Pia, em Ponta Temerosa, a 10 de Setembro de 2004, pelas 18h30.
Com apenas 100 convidados, entre jornalistas, editores e amigos do artista, o avant-primière conta com o seguinte programa:
· Inauguração do Site Electrónico do artista;
· Apresentação vídeo de um making-off do álbum, com a participação de Gilberto Gil e Luís Represas;
· Apresentação de um clip disc do lançamento do álbum;
· Recital de cinco temas sobre MAR E LUZ;
· Conferência de Imprensa
· Oferta do álbum configurado para a imprensa;Cocktail
Todo o mise-en-scene artístico de MAR E LUZ está a cargo do artista Manu Preto. E as apresentações na Praia são animadas por Filinto Elísio e Arnaldo Andrade.
Uma festa de arrombá, não acha?
1 de setembro de 2004
Setaro´s Blog
De todos os blog´s que tenho hábito de visitar, fascina-me particularmente o do André Settaro. São escritos livres sobre o cinema; informações valiosas para quem aprecia e está sempre à procura de mais luzes sobre o cinema...eu, particularmente visito sempre o Settaro´s Blog, porque foi o professor André Setaro que me fez começar a ver o cinema com olhos de ver.
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