O exímio violinista, pai de Tcheka Andrade, faleceu na madrugada de hoje, vítima de doença no Hospital Dr. Agostinho Neto, Cidade da Praia. Conheci Nhô Raul, pessoalmente, há apenas três meses numa reportagem que fazia na Ribeira da Barca, interior da Ilha de Santiago. Figura emblemática da zona, a sua casa era paragem obrigatória para visitantes e jornalistas que pretendessem falar de Ribeira da Barca. A sua mais recente entrevista publicada, feita pela Jornalista Gláucia Nogueira, consta da última edição da Revista de bordo dos TACV, Fragata.
Nhô Raúl nasceu a 5 de Abril de 1927 no Concelho de S. Lourenço, Ilha do Fogo. Desembarcou no Porto da Ribeira da Barca, que nos anos 40 fazia ligação regular com Fogo, há várias décadas, e nunca mais regressou à sua ilha natal. Apesar das suas qualidades musicais, e das várias digressões que fez ao longo da vida, muito pouco se escreveu e se disse sobre Nhô Raúl. Talvez isso se tenha dado pelo facto de nunca ter pensado em gravar um disco. Ultimamente o seu nome tem aparecido, com frequência, nas biografias do filho, como violinista. Faltou esmiuçar a sua arte, falar da ponte musical que fazia entre as culturas foguense e do interior da ilha de Santiago, faltou dizer mais, de facto. Tcheka, contou, certa vez, no programa “Kultura”, que aprendeu tudo o que sabe com o pai, nos intermináveis bailes de casamento e baptizado que faziam por todo o interior da ilha de Santiago. Raúl Andrade ensinou aos filhos um espírito e um estar na música típicos, fruto desses dois mundos. É toda esta alma e vivência que Tcheka interpreta, hoje, nas suas composições. A sua intrínseca ligação à terra resulta, nada mais, nada menos, das incontáveis andanças nos encalços do pai.
Celebrar o legado de Raúl Andrade é apreciar a profundidade da arte do Tcheka. É escutar com espírito crítico os vários episódios contados pelos seus filhos – Tcheka e Kilim – que retratam a persistência e o comprometimento de Nhô Raúl com a sua arte, com o seu violino e com as suas duas ilhas.
Pa Kilim e Tcheka
12 de julho de 2005
8 de julho de 2005
Caminho do mar na caboverdianidade
“Caminho do mar” é o novo documentário do realizador/antropólogo Guenny Pires. O jovem cabo-verdiano pretende com este projecto contar a história de Cabo-verdianos que cruzaram o oceano para fugir às secas e à pobreza. A sua estreia está marcada para Abril do próximo ano.
“Caminho do mar é a história marítima dos cabo-verdianos… vou tentar descobrir os cabo-verdianos que não são cabo-verdianos hoje…são cabo-verdianos por ascendência, mas continuam a ter a ligação com o passado…”, afirma Pires aos microfones do jornalista Marco Rocha.
Guenny Pires é um realizador que anda pelo mundo a reconstruir a trajectória histórica cabo-verdiana. Os seus documentários reflectem a caboverdianidade e as relações interculturais que o arquipélago travou ao longo de quinhentos anos de história. Já filmou a vida dos estudantes cabo-verdianos em Portugal, os rituais culturais das ilhas e da diáspora, e o percurso de Cabo Verde nos 5 séculos de história. Este último foi premiado pelo Festival de Artes e Filmes Panafricanos que decorreu de 10 a 21 de Fevereiro em Los Angeles, EUA.
Guenny Pires reside actualmente em Los Angeles. Está também envolvido num trabalho que poderá levar Cabo Verde aos ecrãs da Hollywood - Dois mundos duas visões. “Uma visão cabo-verdiana e uma visão americana. Uma mensagem de amizade entre os povos”, remata Pires.
Com TCV
“Caminho do mar é a história marítima dos cabo-verdianos… vou tentar descobrir os cabo-verdianos que não são cabo-verdianos hoje…são cabo-verdianos por ascendência, mas continuam a ter a ligação com o passado…”, afirma Pires aos microfones do jornalista Marco Rocha.
Guenny Pires é um realizador que anda pelo mundo a reconstruir a trajectória histórica cabo-verdiana. Os seus documentários reflectem a caboverdianidade e as relações interculturais que o arquipélago travou ao longo de quinhentos anos de história. Já filmou a vida dos estudantes cabo-verdianos em Portugal, os rituais culturais das ilhas e da diáspora, e o percurso de Cabo Verde nos 5 séculos de história. Este último foi premiado pelo Festival de Artes e Filmes Panafricanos que decorreu de 10 a 21 de Fevereiro em Los Angeles, EUA.
Guenny Pires reside actualmente em Los Angeles. Está também envolvido num trabalho que poderá levar Cabo Verde aos ecrãs da Hollywood - Dois mundos duas visões. “Uma visão cabo-verdiana e uma visão americana. Uma mensagem de amizade entre os povos”, remata Pires.
Com TCV
7 de julho de 2005
Sweet Daddy Grace: um filho da Brava
Carlos Manuel Graça (1883-1960) nasceu na Ilha da Brava, em Cabo Verde. Imigrou para os Estados Unidos no início de 1900 e fixou residência em New Bedford, Massachusetts. Influenciado pela fé pentecostal e evangélica, recebeu o chamamento para fundar a sua primeira igreja no Estado de New Bedford. Sabe-se, também, que depois de uma viagem que fez ao Egipto, Grace terá recebido um novo chamamento para se mudar para a comunidade Charlotte, em Brooklyn, e fundar a United House Of Prayer For All People, em 1925, uma espécie de igreja para todos. As palavras desse líder carismático disseminaram rapidamente na comunidade de Charlotte onde adquiriu o apelido de Sweet Daddy Grace.
As mensagens, e a forma alegre em que decorriam os cultos cativou muita gente, que via, dia após dia, as suas vidas a mudarem para melhor. Com as notícias que corriam sobre os feitos, e com a contribuição crescente dos fiéis, a igreja fundada por Sweet Daddy Grace tornava-se um império e expandia-se a um ritmo acelerado pelo país todo. Sweet Daddy Grace atraía essencialmente pelas cerimónias de baptismos realizadas ao ar livre num clima de harmonia e de festa.
O império construído por Sweet Daddy foi alvo de muitas críticas, e a sua obra vista, por muitos, como uma farsa.
Muitos o viam como um charlatan pela menção que fazia à graça de Deus: "If you sin against God, Grace can save you, but if you sin against Grace, God cannot save you" and "Anything God offers you, I got it."
Tempos depois Sweet Daddy Grace mudou-se para Washington DC, e visitava Charlotte sempre em Setembro de cada ano. As paradas que se realizavam à sua chegada eram muito conhecidas e celebradas. Daddy Grace ordenou-se Bispo antes de falecer, em 1960, na sua mansão de 85 quartos em Los Angeles. O seu legado gira à volta de 3.5 milhões de dólares para os seguidores da “United House of Prayer for All People”.
As mensagens, e a forma alegre em que decorriam os cultos cativou muita gente, que via, dia após dia, as suas vidas a mudarem para melhor. Com as notícias que corriam sobre os feitos, e com a contribuição crescente dos fiéis, a igreja fundada por Sweet Daddy Grace tornava-se um império e expandia-se a um ritmo acelerado pelo país todo. Sweet Daddy Grace atraía essencialmente pelas cerimónias de baptismos realizadas ao ar livre num clima de harmonia e de festa.
O império construído por Sweet Daddy foi alvo de muitas críticas, e a sua obra vista, por muitos, como uma farsa.
Muitos o viam como um charlatan pela menção que fazia à graça de Deus: "If you sin against God, Grace can save you, but if you sin against Grace, God cannot save you" and "Anything God offers you, I got it."
Tempos depois Sweet Daddy Grace mudou-se para Washington DC, e visitava Charlotte sempre em Setembro de cada ano. As paradas que se realizavam à sua chegada eram muito conhecidas e celebradas. Daddy Grace ordenou-se Bispo antes de falecer, em 1960, na sua mansão de 85 quartos em Los Angeles. O seu legado gira à volta de 3.5 milhões de dólares para os seguidores da “United House of Prayer for All People”.
4 de julho de 2005
O intruso
A Burbur Associação Cultural arranca o seu programa de comemoração dos 30 anos da Independência de Cabo Verde com “O Intruso” de Gabriel Mariano. A peça terá quatro apresentações, todas as quartas-feiras, ao longo do mês de Julho na Cidade do Porto, em Portugal.
“ (...) Galgando os limites impostos pela insularidade, a obra de Gabriel Mariano conduz-nos sempre a um lugar onde todos os homens de todas as condições, se reúnem: o "lugar" da família (…) ” escreve Maria Armandina Maia.
Esmiuçando o poder dessa obra, Maia diz que “As inúmeras separações que marcam as nossas vidas quotidianas e frágeis estão magistralmente reflectidas nos textos de Gabriel Mariano onde, por muitas máscaras que possamos colocar, a família nunca se decompõe (…)”
A obra de Gabriel Mariano será encenada em 3 actos: uma pequena contextualização cultural, mas não necessariamente temporal. Depois O INTRUSO propriamente dito, respeitando a integridade do texto original. Para finalizar, uma síntese dramatúrgica de O PRIMOGÉNITO.
A associação BURBUR, formalmente constituída em 2003, é composta por um grupo de jovens que fazem teatro profissional e pesquisam sobre a cultura lusófona. Levaram ao palco a obra “AS ÁGUAS” de Chiquinho em 2002, tendo, também nesse ano, participando no Festival Internacional de Teatro do Mindelact.
Veja o programa
“ (...) Galgando os limites impostos pela insularidade, a obra de Gabriel Mariano conduz-nos sempre a um lugar onde todos os homens de todas as condições, se reúnem: o "lugar" da família (…) ” escreve Maria Armandina Maia.
Esmiuçando o poder dessa obra, Maia diz que “As inúmeras separações que marcam as nossas vidas quotidianas e frágeis estão magistralmente reflectidas nos textos de Gabriel Mariano onde, por muitas máscaras que possamos colocar, a família nunca se decompõe (…)”
A obra de Gabriel Mariano será encenada em 3 actos: uma pequena contextualização cultural, mas não necessariamente temporal. Depois O INTRUSO propriamente dito, respeitando a integridade do texto original. Para finalizar, uma síntese dramatúrgica de O PRIMOGÉNITO.
A associação BURBUR, formalmente constituída em 2003, é composta por um grupo de jovens que fazem teatro profissional e pesquisam sobre a cultura lusófona. Levaram ao palco a obra “AS ÁGUAS” de Chiquinho em 2002, tendo, também nesse ano, participando no Festival Internacional de Teatro do Mindelact.
Veja o programa
Subscrever:
Mensagens (Atom)