16 de fevereiro de 2007

Claridade o ano todo

Baltazar Lopes da SilvaO ministro da cultura anunciou, hoje, a celebração, neste ano, do centenário do nascimento da primeira geração da Claridade, movimento literário e cultural, em torno da Revista Claridade, inaugurada em 1936. Em verdade, alguns Claridosos completariam cem anos, se estivessem vivos, entre estes dois dos seus três fundadores: Manuel Lopes (foto) e Baltasar Lopes da Silva.
Manuel Veiga anunciou uma complexa programação, com vários momentos e em vários pontos do país. O ponto alto será o Simpósio Internacional Geração Claridade, que acontece na cidade da Praia, entre os dias 20 e 22 de Abril, com dezenas de conferencistas, nacionais e estrangeiros.
Outubro vai ser o mês de Mindelo onde serão publicadas as actas do Simpósio do Cinquentenário da Claridade, ocorrido nessa cidade, em 1986. O Fogo e a Brava também acolhem, em Outubro, a comemoração com os lançamentos da reedição da revista Manduco de Pedro Cardoso e Memória de um Pobre Rapaz, livro de Guilherme Dantas.
O anúncio de Manuel Veiga acontece depois do posicionamento do edil de Ribeira Brava, Amílcar Spencer Lopes, a criticar a iniciativa do Ministério da Cultura, no referente à data do Simpósio, já que a própria edilidade vai realizar entre os dias 18 e 23 de Abril, o Primeiro Centenário do Nascimento de Baltasar Lopes da Silva, na sua ilha natal. Veiga minimizou tal posicionamento, alegando que todas as celebrações são bem-vindas e não excludentes.

O marco...

O Movimento Claridoso, que mudou o panorama literário de Cabo Verde há mais de setenta anos, nasceu em torno da Revista Claridade, fundada na cidade do Mindelo, pelos intelectuais Jorge Barbosa, Manuel Lopes e Baltasar Lopes da Silva. Antes do lançamento da revista, a tertúlia sobre um novo paradigma das letras fervilhava, tanto na cidade da Praia como no Mindelo, e Jorge Barbosa lançara, em 1935, o livro de poemas “Arquipélago”, com os signos poéticos do evasionismo, dos pés fincados na terra e da idiossincrasia crioula.
A partir da Claridade, a literatura cabo-verdiana ganha mais notoriedade e passa a ser classificada como singular. Tanto que muitos analistas ainda hoje dividem a literatura das ilhas em três momentos: a pré claridosa, a claridosa e a pós claridosa. Divisão que não deixa de suscitar alguma polémica entre os estudiosos.

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