
A semana passada foi interessante para o dossier parceria especial Cabo Verde União Europeia. A Troika ministerial e o Fórum para a construção de um consenso nacional funcionaram como núcleos de esclarecimentos e divulgação desse feito da política externa cabo-verdiana.
Sobre tudo o que se disse, retive uma questão, digamos, que permeia a maior parte dos debates que ocorrem em Cabo Verde. Polarizam-se duas tendências dissonantes e politicamente bem situadas sobre as integrações regionais e geográficas, também relativamente a esta parceria. E no meio de tais alinhamentos que se tripartem entre CEDEAO, Macaronésia e (MERCOSUL?), têm surgido contradições.
Uns defendem reiteradamente que a parceria especial Cabo Verde União Europeia será ampla se, à par dos atributos internos, o país reforçar a sua presença na CEDEAO. Poucas vezes, os defensores desse pressuposto demonstram como isso se dará na prática. Chegar à presidência da comunidade?! Eventualmente, sim. Mas isso, como se sabe, é difícil, para não dizer impossível. Há estados membros com mais vantagens nesse sentido.
A ala que apoia a euro atlantização (?) de Cabo Verde prefere apenas lembrar-nos da necessidade de reforço da nossa presença na macaronésia.
Os argumentos são muitos. O de que partilhamos com a Europa os mesmos valores humanos e cristãos, os mesmos princípios políticos; o festejar da história comum, etc. Mas nunca é demais lembrar que essas justificações, se usadas em excesso, podem entibiar o tão propalado reforço de CV na CEDEAO, por razões óbvias.
Existem aqueles que claramente não querem saber da CEDEAO, sabemo-lo, e estão mais à vontade para defender a Euro atlantização de Cabo Verde, e usar os mais
atlânticos argumentos possíveis. Entretanto, os que, por justiça histórica, questões de pele, ou até políticas, são favoráveis à densificação da presença de Cabo Verde na sua sub-região devem conter-se mais.
O país deve encarar essa parceria como uma reconfiguração processual e normal da sua relação com a Europa (um espaço seguro); potenciar a sua importância para a economia e para a segurança do país neste mundo de rápidas mudanças; responder com eficiência aos novos desafios que se lhe colocam. Mas sem grandes emoções. Não podemos, sob pretextos outros, perder a nossa noção de pertença.