12 de junho de 2010

Cabo Verde aos pés de Portugal: a Imprensa vai junto

cabo verde, portugal


























1. Aconteceu há dias em Lisboa a I Cimeira Luso cabo verdiana. Duvido que o acontecimento tenha merecido destaque nos telejornais portugueses. Entre nós, assuntos do tipo são considerados notícias de primeira monta, mesmo quando alguns desses acordos assinados não passam de mera cosmética, ou as palavras da hora, puro ímpeto de circunstância. A imprensa cabo-verdiana aprecia esses teatros e participa do "folclore" que muitas vezes acaba sendo esses reforços de cooperação, aprofundamento das relações, etc. Quando José Sócrates visitou Cabo Verde (só visto!) a correria atrás do senhor ministro. Terá faltado fôlego para tanta disponibilidade.

2. A participação de José Maria Neves nas comemorações do dia de Portugal (10 de Junho) foi considerada, por cá, uma honra. Segundo se noticiou, é o único chefe de governo da África lusófona a participar nessa importante festa para aquele país. Em vez dessa exaltação, os media que devem ser, antes de mais, críticos, deviam questionar porque terá calhado (a José Maria Neves e a Cabo Verde) tamanha “distinção”. Se de pura honra se tratasse, porque um país como Angola deixaria de marcar presença? Por outro lado, se tivéssemos uma oposição com sentido estratégico de soberania (nisso o PAICV e o MPD estão cada vez mais iguais) estar-se-ia perante um bom filão de argumentos para oposição. A subserviência, a extrema disponibilidade, o sorriso desmedido, e sobretudo um certo orgulho... desses sinais todos a nossa imprensa passa ao largo.

3. Devido a uma surda disputa eleitoralista interna do tipo: Quem está nas graças da Comunidade Internacional? Alienam-se espíritos, projectos, sentidos...

7 comentários:

Anónimo disse...

Por acaso tu para jornalista caboverdeana até que pensas umas coisas.
Eu gostaria de ver mais jornalistas a falar assim como tu !

Canto da Boca disse...

O imperialismo continua em voga...

Anónimo disse...

Acho que está perdendo o foco de jornalista. Cabo Verde não tem o peso para Portugal que este tem para Cabo Verde, pagando muito do que se faz em Cabo Verde. Quando
Bush foi ao Brasil a notícia encheu todos os jornais e telejornais brasileiros, o facto nunca foi noticia nos telejornais americanos que são os que marcam a actualidade americana. Logico meu caro watson.

Mara, Lisboa

Amílcar Tavares disse...

Sabe, o pobre adora pôr-se em bicos de pés! Essa cambada é um tristeza.

Anónimo disse...

Cara Margarida por mais que tente esconder a cabeça dentro da areia há um facto irrefutável. Milhões, digo, milhões de euros são "depositados" a fundo perdido no seu país por Portugal. Parceria estratégica? Acontece graças a Portugal, à lingua portuguesa, ao passado conjunto.
Estabilidade económica? talvez esteja a esquecer-se da paridade escudo/ euro. Assegurada por quem? Obviamente por Portugal.

Escolas, estradas, investimento externo, aeroportos internacionais... estamos a falar da mais forte potência da cooperação internacional em Cabo Verde.
Portugal, que goste quer não, é o parceiro estratégico de Cabo Verde e a sua porta de entrada na Europa. Portanto, não se trata de imperialismo mas de tratar bem, com estima e a devida atenção os "amigos" de Cabo Verde.

Uma mão lava a outra, sabia?

pura eu disse...

"não se trata de imperialismo mas de tratar bem, com estima e a devida atenção os "amigos" de Cabo Verde.

Uma mão lava a outra, sabia?"

Sei disso, meu caro (?). E muito estimaria se assim fosse. O meu texto fala "de coisa" bem diferente...

Paulino Dias disse...

Oi Margarida,

Obrigado por nos trazer sempre este olhar diferente, estes insights que nos levam a reflectir...

Abraço,
Paulino