18 de junho de 2010

Saramago, a força literária da lusofonia

saramago





























Faleceu, hoje, aos 87 anos, em Lanzarote, nas ilhas Canárias, o escritor José Saramago, o único prémio Nobel de literatura da língua portuguesa. Prolixo e polémico, o romancista português ora falecido deixa uma vasta obra, traduzida em dezenas de línguas e lida por milhões de pessoas em torno do mundo.

Não escondendo as suas profundas convicções ideológicas, Saramago deu azo a uma polémica com alguns acérrimos do catolicismo ao escrever “Caim”, pontuando uma interpretação filosoficamente irreverente sobre a parábola bíblica do Caim e do Abel. Igualmente terão sido polémicas as suas posições sobre o posicionamento dos ibéricos em face do desafio da Europa com o romance “Jangada de Pedra” e sobre o absurdo da modernidade com “Ensaio sobre a Lucidez” e “Ensaio sobre a Cegueira”, este último transformado em filme pelo realizador brasileiro Fernando Meirelles, em 2008.

Para muitos, o seu melhor romance é “Memorial do Convento”, publicado em 1982, dois anos antes de ter escrito “O Ano da Morte de Ricardo Reis”, centrado num dos heterónimos do poeta português Fernando Pessoa. A celebridade mundial de Saramago começa precisamente com esta novela de rara intensidade poética na narrativa moderna.

A partir de então o labor literário de Saramago torna-se frenético. Um labor que o acompanha até á morte com a escrita incansável de novelas, diários, obras de teatro e até um blog – O Caderno de Saramago, escrito a partir das Canárias onde passara a viver.

José Saramago, para além de vários romances, começou como poeta, tendo publicado três livros de poemas. Multifacetado, ele ingressou-se no Partido Comunista - clandestino durante a ditadura de Salazar - e, sobretudo, consagrou-se como jornalista.

Em 1998, ele recebe o máximo galardão literário do planeta – o Nobel de Literatura. A Real Academia Sueca reconhecia nesse filho de camponeses sem terra, nascido em 1922, no Ribatejo, Portugal, a dimensão universal da sua obra e a força literária da lusofonia.

2 comentários:

Anónimo disse...

Saramago não é o único Prémio Nobel da língua portuguesa. Egas Moniz também já tinha sido distinguido com o mesmo galardão.

pura eu disse...

Subentendia-se o único "Nobel de Literatura"... Obrigada pelo reparo.