21 de julho de 2010
Jornalismo para quem precisa
1. Nos últimos dias temos sido varridos por uma vaga de acusações vinda do jornal Liberal, e ontem das hostes do MPD, relacionadas ao cerceamento da liberdade de imprensa. Todas as balas estão sendo gastas com a TV Pública, tendo como alvo os serviços noticiosos do canal. Nesse avalanche de críticas, houve, e ouve-se muito equívocos: relativamente ao trabalho dos jornalistas, o papel dos media publicos e privados, os meandros do serviço público, os sujeitos... e o mais grave, uma tirada partidária sem o mínimo de preparo, num debate que deveria interpelar, em primeira instância, a classe jornalística, (quando se pensa no foco do problema). Razões existem ... a começar, por exemplo, pelo (s) lugar(res) da informação, (o conceito; os sujeitos; os interesses;), e termina nos limites e implicações da publicidade institucional do governo nos órgãos públicos. Se o momento é quase eleitoral, o recorte da problemática é ainda maior.
2. Nessas horas, em que os ânimos partidários se levantam, e pouco esclarecem, e num debate onde a regulação ninguém sabe onde pára, pensa-se no mínimo numa entidade como a AJOC, Associação dos Jornalistas de Cabo Verde, cuja missão é proteger “os pobres jornalistas”. Ademais, os receptores, aqueles menos incautos, quererão saber as razões de tanto barulho.
3. Mino Carta é um jornalista de renome que dirige a melhor revista brasileira “A Carta Capital”. Uma vez assisti a uma conferência proferida por ele em Salvador da Bahia, nos finais dos anos 90. O público era maioritariamente estudante de jornalismo. A dada altura nos aconselhou a nunca, nos mais frios intervalos dos dias, deixarmos de ser vigilantes jornalistas, e sugeriu-nos, “se não estiverem disponíveis, ou não tiverem suficiente coragem, plantem batatas, estariam a contribuir para alguma coisa.” Nunca esquecerei Mino Carta, nem da sua sugestão. Os meus avôs viveram plantando batatas e morreram felizes...
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7 comentários:
APELO
Lapidação. Até que o nome tem uma entoação bonita. Pode ser o que neste caso é, APEDREJAMENTO, mas também pode ser, por caprichos etimológicos, aperfeiçoamento. No contexto, uma coisa pretende cinicamente levar à outra. Pelo apredrejamento se lapida a "jóia social" com vista o seu aperfeiçoamente. Macabro. Não nos enganemos. É, mais uma vez, do ritual da morte o que aqui se trata. Morte atroz e bárbara esta. Há gente condenada em pleno Sec XXI por uma absurda
justiça dos homens, em nome de um Deus bárbaro e sanguinolento. Pergunto-me se a cronologia está correcta. De que século são estes homens e esta justiça? À espera de enfrentar as pedras, que mãos frias de 'pureza' e amestradas pela hipocrisia empunharão na sua disponibilidade cega e cobarde (ele há sempre gente pronta para atirar a primeira, e
também a última pedra), e mãos não faltarão à chamada irrecusável, está a iraniana Sakineh M. Ashtianí, condenada à lapidação, acusada de adultério.
É preciso abrir mais uma frente de luta, e dar voz a esta causa. BASTA!
Agora sei para que rosto olham as mulheres de Kiarostami em "Shirin". Não, não é para o rosto de Ashtianí. É para o rosto dilacerado do Irão sob o jugo tiranico dos ayatollah's.
Jose E. Cunha
o que é preciso para a classe jornalistica, mas também para qq outra em CAbo Verde é Coragem ! Sim coragem !!
--
Pois é minha cara,
Parece que há um bode 'respiratório'.
Posto isto vamos a uns pontos:
(1)
A Liberal não tem moral para falar o que quer que seja. Ou seja, gosto e aprecio as notícias e denuncias que faz, ainda bem.
Mas não se pode dizer que se é um "Orgão de Comunicação" (como a Liveral se intitula) e dizer que afinal não são imparciais.
Então que assumam que são orgão da oposição (na conjuntura actual) e que denunciam actos que de outro modo teriam pouca relevância.
(2)
A escolha de chefias (e a descendência a partir daí) sempre foi mais partidário que meritório.
Se o MpD já esqueceu, eu ainda não, afastamento de um grande reporter/jornalista da rádio logo a seguir às eleições de 91 pq não era das fileiras do MpD.
(3)
O que os jornalistas são, é sacos de arremesso da conjuntura política.
Isso é o que falta ao MpD dizer. E quando entratrem vão continuar a não promover o mérito, mas sim politica nos cargos estratégicos para a política assim como é o exemplo da TV pública.
(4)
Muito sinceramente, acho bem que levantes a voz.
Da maneira como as coisas vêm sendo levadas, nomeademente pelo MpD, estou certo que o estado das coisas que se passa na TV pública actualmente não vai encerar com o MpD se ganhar as eleições.
A bola, só vai mudar do meio campo.
Os dribles serão os mesmos, ou piores.
Kel abraço
Exacto nos pontos, da Caps!
"O que os jornalistas são, é sacos de arremesso da conjuntura política." disseste.
Lacaios vencidos pelo cansaço, acrescentaria, já que o Institucional corre atrás do prejuizo!
abraços
MF
Estiveste mais comedida hoje, no entanto, vejo que muitos confundem a informação com a programação. Se a informação deve ser isenta e sem qualquer tipo de propaganda, não pode um governo ou quqlquer entidade ter programas pagos na tv? O problema é quando esses programas são feitos por jornalistas do orgão, mas, pergunto, na tv público de CV, a publireportagem não existe, nem programas institucionais pagos e com a devida referência? Em todo o mundo é assim. Por exemplo, a na TV Cultura, no Brasil, vejo muito disso, proque Cabo Verde não? Informação ou agenda informativa de um orgão é uma coisa, mas espaço de publicidade é outra. Não estará havendo confusão?
Mayra Silva, Rio de Janeiro
Vejo que a senhora Mayra mudou-se de Lisboa para o Rio de Janeiro. Viajada!
1. Já que fala da TV Cultura, que eu também conheço, avanço-lhe que os programas institucionais de conteúdos estritamente educativos e culturais feitos pelo governo, (em regimes democráticos plurais isso é permitido na Estações públicas), podem ser emitidos, desde que não caiam em charmes pessoais e de grupos. A tal publi-reportagem, com as devidas referências, que a Sra. Mayra está a defender é tudo menos isso.
2. Mostra-me Sra. Mayra qual é o país onde as publi-reportagens invadem uma programação a ponto de, em certos momentos, serem em números superiores às reportagens produzidas pela própria Estação! Então porque se debate em todo o mundo os limites e as implicações dos programas institucionais (estritamente educacionais e culturais)??
3. Programa Institucional com empolações de carácter político e pessoais é PROPAGANDA. E não deve ser permitido em regimes democráticos, onde a pluralidade de vozes é constitucional.
Em minha opinião, os (pseudo-)jornalistas cabo-verdianos não têm tomates. mais do que isso, são uns vendidos que escolheram ficar do lado da classe política ao invés do ficarem ao lado do povo.
Não há responsabilização, não há jornalismo de investigação na nossa media. É uma palhaçada, uma vergonha.
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