5 de junho de 2006

Notas livres

Património

A polémica patrimonial despoletada em S.Filipe dias antes das festividades do 1º de Maio, por uma carta aberta de Fausto do Rosário ganha novos contornos. A imprensa pegou no caso, o Ministro da Cultura reagiu e dias depois a Câmara Municipal de S.Filipe respondeu ao Manuel Veiga, com acusações de ligeirezas, e outros mimos. No último número do Jornal Expresso das Ilhas, mais um colunista destilou a sua indignação com o rumo que o património construído sanfilipense está a tomar. A Câmara local agendou, entretanto, uma reunião municipal para abordar esta questão. Antes de acabar com este blog, espero vir a ter a oportunidade de escrever a decisão final desta novela mexicana, em todos os sentidos da expressão. E sobretudo, conhecer o tal parecer técnico do INIPC (nunca consigo lembrar dessa sigla... só sei que é o Instituto que cuida do nosso património).

Revelação

Kamia, a nossa confrade, foi agraciada com uma Menção Honrosa, no âmbito do concurso para o prémio Orlando Pantera, Revelação em Literatura. E confesso que ela é de facto uma revelação. A propósito, li a entrevista concedida por Abraão Vicente ao asemanaonline, e achei pertinente o seu juízo sobre a necessidade de os artistas plásticos locais emprestarem universalidade à sua arte. A nossa era de afirmação já foi. Somos um país independente, com os pés nos quatro cantos do mundo, e com cabeça em movimento, (curiosamente, desde há muito). O que me fez apaixonar pela escrita da Kamia é a universalidade, os cruzamentos descomplexados que ela faz, as referências que ela tem. Uma jovem inglesa poderia escrever aqueles três contos... a escrita perfumada é o toque da Kamia.

Zouk

Descobri, por uma indicação da Kamia que gosto do Sali, zouk do bom como ela diz, e bem. Lembro-me agora, de um outro post, da sua confessa paixão pelas músicas do Beto Dias. Foi com Beto Dias e Rabelados que o funaná estilizado ganhou dinâmica na diáspora. Foi com Beto Dias e Rabelados que, de certa forma, o funaná ganhou as ilhas, numa fase mais recuada da árdua tarefa do Catchás, é claro! Ainda hoje, aparentemente desgarrado dessas conquistas, Beto dá que falar e poderia dar muito mais.

10 comentários:

Anónimo disse...

Dizer "novela mexicana", em sentido pejorativo, é políticamente incorrecto e não se compõe ao perfil da boa jornalista que é Margarida Fontes. Seria dizer "dia negro" e "africanices"...

No tangente ao Zouk, há bom e mau Zouk, com em qualquer gênero. O funaná contemporâneo, sem fazer más referências ao Beto Dias e aos Rabelados, tem grandes momentos: o Carlos Alberto Martins (Catháss), o Orlando Pantera e a banda Ferro Gaita. Não se confunda, bom músico com o músico que marca uma época ou um movimento. A malta do Zouk Crioulo ainda não chegou lá, o que não quer dizer que não faz música dançável e de rápido consumo.

Mas, enfim, gostos...

pura eu disse...

Novela mexicana: dramalhão, enredo prolongado... não necessáriamente pejorativo... os adjectivos como eles são.

Beto Dias e Rabelados foi o grande momento do funaná "na diáspora", foi o que eu escrevi!

Porque não se identifica...? daria mais alma ao debate.

pura eu disse...

E essa, Sr(a) anónimo(a), de malta do zouk crioulo... não lhe soa pejorativíssimo?!

Anónimo disse...

Zouk criuolo, jazz latino, merengue angolano são identificações sem conotações maliciosas. Pejorativa é a forma que muitos fazem o Zouk, adulterando-o com arranjos simplistas e com plágios...

O meu ID será revelado em devida altura. Por ora, ele não tão relevante assim.

Kamia disse...

Aguardemos então a decisão final e esperemos que ela seja a melhor para a ilha do Fogo e para as suas gentes.

A tua opinião conta muito para mim, por isso agradeço-te mais uma vez.(vou espreitar a entrevista do Abrãao).

Este anónimo eu sei quem é. Ele já esteve no meu blog e quando lhe convem usa nome.

Relativamente ao zouk caboverdiano, é verdade que há muito lixo a ser feito por aí que a maioria dos cantores limita-se a usar a mesma fórmula vezes sem conta, mas existe sim, o bom zouk caboverdiano.
Em que parte do mundo que a música mais popular não é a mais desprezada e considerada inferior?
Dantes passava-se o mesmo com o funaná e o batuku (que eram as musicas que animavam os bailaricos), mas como agora é música apreciada pela elite e levada lá fora para mostrar o nosso "folclore" então é (merecidamente)valorizada.

Só para terminar,e embora saiba que a Margarida não precisa de quem a defenda, eu estou em crer que ela aqui não está na qualidade de jornalista. Isto é um blog pessoal por isso ela é livre de ser politicamente incorrecta se lhe apetecer. Embora eu não perceba o que há de pejorrativo em dizer "novela mexicana" ...

pura eu disse...

Gostei da tua defesa, Kamia. Obrigada. Todos precisamos de tudo.
Beijos mil.

Anónimo disse...

Gostaria tanto de ver a voz de Beto Dias num outro "beat". Já disse isso pessoalmente a ele.
Mas não me pareceu que levou a sério...

Anónimo disse...

A discussão aqui engendrada acerca da qualidade da música moderna (zouk love: não estou a querer dizer que a nossa música moderna circunscreve ao Zouk) já foi levada a cabo há mais de sessenta anos, pelos pensadores da Escola de Frankfurt, que, criticando a industrialização da cultura, queriam criar uma teoria crítica da sociedade. Não é que esses teóricos estudaram a música cabo-verdiana propriamente dita. Estou apenas a fazer um paralelismo, já que os frankfurtianos queriam perceber como é que a arte regia à “cultura industrializada”. Benjamin fala até na perda da experiência humana, onde todos nós somos guiados pelos simulacros, iludidos de que estamos a consumir a cultura. Na verdade – obedecendo a lógica dos críticos da indústria cultural – não consumimos a cultura, mas a sua “aura”, desprovida de qualidades como autenticidade, originalidade e a própria essência da arte e da cultura.
A Escola de Frankfurt sofreu muitas pressões e muitos interesses procuraram enterrar os seus argumentos porque a sua afirmação dificultava o negócio de “cultura fácil”. Mas, não vou me deter nessas concepções teóricas (que muito nos ajudam na fundamentação do nosso olhar sobre a realidade).
Criticar o Zouk cabo-verdiano implica criticar toda a “cultura jovem” da actualidade. Os músicos cabo-verdianos ganham apenas uns tostãozinhos comparados com as estrelas mundiais da música POP. Pergunto: que cultura nos apresenta os músicos do Hip Hop, que falam apenas de Sexo, Mulheres e Drogas? Estes é que estão a fazer verdadeiras fortunas a troco de uma “cultura fácil”. E contra essa tendência, não há críticas, nem teorias que conseguem vingar. No entanto, eu sou claramente um “fun” do bom Zouk Cabo-verdiano . Isso de Bom Zouk, minha gente, há muito que se lhe diga. hehehe

Anónimo disse...

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Anónimo disse...

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