19 de dezembro de 2006

Da Cor


"Da Cor do Pecado" é o título da nova telenovela da Globo, agora emitida pela TCV. Para começar, não gosto do título. Em segundo lugar, sou contra a emissão desregrada de telenovelas, principalmente se vermos seus custos. Numa dessas sessões de reflexão, que ultimamente tem povoado a Comunicação Social local, me disseram que são exigências do mercado... e essa! “Da Cor do Pecado” é a primeira novela da Globo, depois de décadas de produção, a trazer uma protagonista negra. Curiosamente, o director era um novato. Outra inovação dessa produção é o cenário. Todas as novelas e séries que discutem questões raciais no Brasil eram produzidas na Bahia, o mais densamente “africano” de todos os estados brasileiros. Desta vez, escolheram acertadamente o Maranhão: um grande Estado, com o maior património colonial construído do Brasil. São Luís, sua capital, é considerado um museu a céu aberto, com um legado arquitectónico português, o mais marcante das terras de Vera Cruz. Alcântara, outro cenário dessa novela é também património mundial da UNESCO. A cultura afro-brasileira tem no Maranhão um berço fecundo. Tudo a ver…
O enredo é leve, aliás como todas as novelas das 7 da TV Globo. E a abordagem racial é feita de forma um tanto preconceituosa... mais do mesmo. Porque é que a Preta, negra, linda e pobre tem dificuldade em acreditar que Caco, branco, rico, pode estar apaixonado por ela!? Qual é a pertinência dessas questões para a realidade cabo-verdiana? Afinal, porque consumimos, surda e acriticamente, todas as telenovelas que nos chegam da poderosa e preconceituosa Rede Globo de Televisão? Como diria Noam Chomsky, precisamos ponderar criticamente a maneira como estamos diante da televisão…

1 comentário:

Kamia disse...

Magui, vi alguns episódios dessa novela quando passou há usn anos em Portugal. Concordo contigo de que o titulo é preconceituoso e a abordagem da questão racial é entre outras coisas, muito superficial. Penso mesmo que a certa altura o tema é completamente deixado de lado.

De facto, numa sociedade como a nossa que consome sôfrega e religiosamente todas as novelas que passam seria essencial essa visão critica.
Mas as novelas parecem limitar-se a ser consumidas como indutoras de modas ( e não me refiro à moda apenas no que toca a roupas e acessórios, já rocei este assunto num post em que falava da "caça" ao homossexualismo), sem questionamentos.