18 de junho de 2007

Do cinema


Gosto do Cinema, e alguns cineastas são, para mim, necessários para a tal fruição a que todos nos damos nesse acto de ver filmes. Spike Lee, (foto) por razões técnicas e existenciais, é um deles. Revejo, há dias, O Infiltrado (Inside man), na TCV, e foi fascinante descobrir novos elementos no mar de criatividade a que esse realizador já nos habituou. É difícil, senão mesmo impossível, catalogar os filmes de Spike Lee, mormente este, tão complexa a sua narrativa.
O assalto a um banco surge, à primeira vista, como o trama central do filme. E é de facto uma surpresa perceber que tal mote, que perpassa todo o enredo, é apenas um elemento que nos conduzirá a uma condenação fria e final de um banqueiro americano que se enriquece à custa do Holocausto. O assalto ali é um pretexto de abordagem para outras perspectivas (a do assaltante-protagonista, a do mágico-realizador e a do espectador em reconstituição da trama).
O filme é simplesmente complexo do ponto de vista narrativo. Não espanta que o realizador tivesse sido galardoado com o prémio 2006 Black Reel. Ele inova-se com uma espécie de flashfront, em clara oposição ao clássico flashback da narrativa cinematográfica. Os reféns aparecem, nesse recurso, a dar depoimentos aos detectives que trabalharam no caso, e aí, vale ressaltar a actuação exímia de Denzel Washington na pele de um dos detectives (consegue incorporar a implacabilidade, a ironia e o cepticismo que se vai densificando).
Os takes da câmara também falam alto no filme. Eles provocam, agridem, não pedem licença... há momentos que berram aos ouvidos daqueles que se recusam a ouvir.
Por tudo isso, reconfirma-se o já sabido: Spike Lee é um consagrado da filmografia contemporânea. Não só pelas causas, que defende, mas pela linguagem, que desafia, trazendo sempre o inusitado. Sem trair o Cinema…

5 comentários:

Anónimo disse...

E a aquela musica a marcar o ritmo da cidade no filme... fantastico!

pura eu disse...

Pois é, Carla! Nada surge por acaso aí.

Anónimo disse...

Só é pena que a TCV emita esses fimes pirateados e sem pagar, nem respeitar os devidos direitos de emissão. Algo muito grave para uma televisão pública.

pura eu disse...

Quando o Sr. era amiguinho da TCV, já emitia esses filmes. Lembra?

Anónimo disse...

Frio Margarida, muito frio. Não tente encontrar o autor, procure antes a gravidade do facto- a televisão pública emite filmes piratas. ara amiga, isso é crime, punível por lei.