25 de abril de 2009
24 de abril de 2009
O teu riso
Meu amor, nos momentos
mais escuros solta
o teu riso e se de súbito
vires que o meu sangue mancha
as pedras da rua,
ri, porque o teu riso
será para as minhas mãos
como uma espada fresca.
pablo neruda
23 de abril de 2009
Poesia (é fundamental)
Todos os professores deviam ser poetas, porque o conhecimento que não passa pelo coração pode ser perigoso.
In, série Water
23 de abril é dia do professor cabo-verdiano (um abraço reconhecido a essa brava gente, não esquecendo aqueles que, em retiro das suas casas, gozam a reforma de uma vida a partilhar...)
22 de abril de 2009
Longe da caravana
Cada dia é novo para 'as histórias' do Isaque.
nelas todos crêem,
a máscara convence a caravana (que passa).
Até o dia
que de um sorvo 'dessas histórias'
se adule,
e mate a sua alma de verme.
pura eu
21 de abril de 2009
Simultaneidades
- Eu amo o mundo! Eu detesto o mundo! Eu creio em Deus! Deus é um absurdo! Eu vou me matar! Eu quero viver!
- Você é louco?
- Não, sou poeta.
Mário Quintana, in nota pura: um dos meus loucos preferidos
20 de abril de 2009
A informação e a opinião dos inspirados
Senti-me empurrada a este post depois do redemoinho provocado pela notícia do suposto regresso de Carlos Veiga à liderança do Movimento para a Democracia. Uma notícia que peca por leveza de informação e falta de rigor factual que induzam a um esclarecimento cabal dos leitores menos incautos. É a esse trabalho, quero crer, que uma notícia/ reportagem se deve dar, sob pena de se começar a desviar e criar novas modalidades de informação assentes em boatos, fontes plantadas e simulações de parte a parte. Os mais interessados foram logo, excitadíssimos, tecendo elaborações pessoalíssimas, sob pretexto de crónicas, sem conseguir igualmente convencer das suas reais cartadas, ou se quiserem, sem acrescentar nada àquilo que até agora não se conseguiu noticiar: Carlos Veiga irá ou não assumir o comando do partido? Uns escrevem que Carlos Veiga é peso pesado; outros afirmam que a boa governação do PAICV está a assustar o adversário. Tudo isso pode corresponder à realidade, não pretendo contrariar coisa alguma, mas há pesquisas a comprovarem isso?! O leitor mediano gostaria de ter essa informação.
Se ainda o partido internamente está a cogitar a probabilidade de regresso de Veiga, uma notícia correcta e sem intenção pura e simples de agitar, deveria juntar as peças e tentar escrever isso mesmo, e não mais do que isso.
Ocorre-me agora, e isso é mesmo inesquecível, os cronistas que, por um rasgo de inspiração, escreveram, em tempos autárquicos, que Ulisses Correia e Silva não tinha skills para um embate eleitoral, apesar de ser um bom gestor, e que Felisberto Vieira era um peso pesado invencível. Alguns desses opinion makers inspirados escrevem agora que Ulisses é uma clara aposta para o cargo de primeiro-ministro... Apontam-no mesmo como as poucas boas alternativas do MPD. Essas opiniões, diga-se, passam ao largo da conjuntura, cingem-se mesmo ao perfil do político, o que é contraditório.
Enganem-se aqueles que pensam que escrever crónicas /opinião não obedece a regras: a priorização, a apuração, a observação das fontes... sob pena de se ficar pela inspiração.
nota pura
Voltei a um certo estado, como se depreende...
11 de abril de 2009
Isa, a nova Konfidente
Chamam particular atenção os artistas que com o seu trabalho tentam e conseguem atravessar as ilhas, pressentir a sua diversidade, e transmitir os diferentes “cheiros” que todo o aglomerar de gente porta em si. Não se trata de um axioma das artes, é certo, mas merece um olhar diferenciado quem a isso se propõe, e com apurado senso estético.
Kriola EnKantu (com K maiúscula), o primeiro CD de Isa Pereira fez esse caminho, como poucos, até porque o kantu dedicado às ilhas todas, incluiu Santa Luzia, a deserta e quase sempre esquecida dentre as demais. As brisas e as ondas dos mares de Santa Luzia podem agora ser “sentidas” em forma de música, num apelo da artista à preservação da flora e fauna da ilha.
Não falarei da qualidade musical (e artística) do disco sob os arranjos e direcção musical de Hernani Almeida, nem da conseguida maturidade de intérprete de Isa. São dados do disco.
A surpresa, diria, é a extrema generosidade da cantora que não teve receios em trazer para “a arena” num disco de estréia, compositores jovens como Djoy Amado e Lay Lobo, com Forsa de Djarfogu e Xintadu ta papia cu mar, respectivamente. A própria artista interpreta quatro composições suas, de elevado frescor e a passar longe dos rótulos, diga-se. Nha Konfidente(morna) e Konkista Rabeladu (batuco) são disso prova.
Isa Pereira fez um disco diferente, muito “sua cara”: seguiu o seu interior, a sua “cabeça”, os seus passos também (canta Bahia, Iemanjá); compilou sensações, ares, brisas, e brindou-nos com um disco crioulo, atlântico, fiel ao(s) tempo(s) nosso(s), e dos nossos.
Kriola EnKantu atravessa gerações, e não dispensa a experiência de músicos como Voginha e Zeca Couto, e inclui, no complexo e generoso conjunto, o lendário Sabe d’bera de Paulino Vieira.
De realçar, que Isa Pereira subiu num palco pela primeira vez em 1998. “Fui convidada pelo poeta Filinto Elísio para actuar no Summer Stravaganza, descobri, senti que era isso que eu queria – ser cantora” disse em entrevista ao A Semana.
nota
O disco foi apresentado, na semana passada, na Cidade Praia, à Imprensa, aos amigos e patrocinadores, e vai ser lançado no dia 24 no Auditório Nacional. Isa pretende fazer lançamento em todas as ilhas habitadas.
Vigilia...
Porque é que esta noite é tão diferente das outras?
disse Maria ao pressentir o beijo de Judas...
10 de abril de 2009
Da paixão (pascoalina)...
"Senhor, fazei que eu procure mais consolar do que ser consolado, compreender do que ser compreendido, amar do que ser amado. Pois é dando que se recebe, é perdoando que se é perdoado, e é morrendo que se vive para a vida eterna."
São Francisco de Assis
9 de abril de 2009
Beto Dias: totalmente di nós...
Nos finais dos anos 80, a revolução do funaná ocorrida em Cabo Verde origina na diáspora cabo-verdiana, concretamente na Holanda, um “novo movimento ou estilo” e um dos “artífices desta nova revolução”, como escreve Carlos Filipe Gonçalves no seu livro Kab Verd Band, é “Rabelados” com Beto Dias.
De lá para cá, muita coisa aconteceu, inclusive a desintegração da banda, mas Beto Dias continuou na estrada, sem fugir em essência do seu propósito musical: cantar o seu torrão natal na sua complexidade arquipelágica e diaspórica, com emoção, simplicidade; cantar a vida como ela é com o seu amor e desamor e homenagear as lutadoras mães das ilhas, temática aliás que bem o caracteriza. É tudo isso que Dias tem feito nos seus 21 anos de carreira, e o que acaba de fazer no seu último álbum intitulado “Totalmente di bó”.
Balada, (a morna no Rithm Blues – segundo Kab Verd Band), o funaná que vai lembrar sempre Rabelados porque orquestrado por Danilo Tavares, baixista e arranjador do extinto grupo, e companheiro inseparável de Dias. O artista originário de Ribeira das Pratas, Tarrafal de Santiago, neste que é o seu quinto álbum a sólo (além de dois com banda e um Best of) continua também a permear com os ritmos de “cheiro” zouk (denominado cabozouk) que, como se sabe, constituiu outra “fórmula encontrada” nessa época por esses jovens músicos crioulos nascidos e/ou crescidos na Holanda.
A música "nen pa ka tenta" confirma o lado comprometido de Beto quando canta que /Kantu ta flada nu tinha odju fitxadu, nocenti, bakan/Nu ka dexas tomanu konta’l nós txada, nem kobon, nem ladera!!!/Goci nu sta da, di Rotcha ti kamba mar/pa kenha ki ben di longi/.
Em seus anteriores trabalhos, lembre-se, com semelhante consciência de pertença, Dias cantou escravidão, emigração, separação, independência, democracia ...
A faixa que dá título ao álbum fala de encontro, de paixão, desejo, e finalmente casamento,(n'kre pa bu ser nha esposa, entoa-se em coro num derradeiro tom); momentos em que as margens entre a arte e a vida real parecem estreitar-se... uma outra faceta.
“Gratidon”, a nona faixa do disco, além de uma homenagem singela às mães de Cabo Verde, todas sem excepção, “mãe bo ke centro di nha universo”, transporta-nos àqueles “anos Rabelados” em que a música parecia ter um sentido lapidar: provar ao arquipélago que “o nós”, das ilhas, e “o nós” da diáspora constituem uma única e grande nação. Beto Dias continua a querer apelar a essa unidade (como alias, fizera Rabelados no seu primeiro LP Unidade e Amor, 1988) em cada novo trabalho.
fotu: a semana
6 de abril de 2009
DOCTV CPLP é apresentado hoje na Praia
Hoje, às 18 horas, vai ser apresentado no Palácio da Cultura, no Plateau, o pólo nacional do I DOCTV CPLP. O programa tem por finalidade fomentar a produção de documentários independentes nos países de língua portuguesa, e prioriza temáticas contemporâneas que versam sobre a cultura. O financiamento do programa é uma responsabilidade partilhada entre os governos brasileiro, angolano e português, através de instituições audiovisuais e culturais, sendo esta modalidade, na verdade, um desdobramento do DOC TV Cultura, iniciativa dessa estação pública brasileira e restrita àquele país.
Hoje, o programa será conhecido e estará aberto aos projectos de autores e produtores de documentários formalmente ligados a uma produtora independente. A inscrição deve ser feita via Internet, no sitio www.ica-ip.pt, mas a selecção será feita pelo pólo nacional, no caso de Cabo Verde, composto pelo Ministério da Cultura/ e ou educação, a RTC e a Universidade Jean Piaget, que irão constituir-se em comissão de seleção.
O autor vencedor e a produtora indicada irão receber 50 mil euros para produzir em seis meses o documento em proposta.
Um projecto em cada país será selecionado, financiado e produzido para posteriormente ser exibido em série de nove episódios em todos os canais públicos envolvidos no DOCTV CPLP, inclusive em Timor.
O I DOCTV CPLP e os respectivos pólos nacionais estão a ser apresentados em todos as capitais da comunidade. O lançamento na Praia vai ser presidido pelo Ministro da Cultura, Manuel Veiga, e pelo Ministro-Adjunto do Primeiro Ministro (tutela da pasta de comunicação), Sidónio MOnteiro.
5 de abril de 2009
Lenine na Praia (totalmente demais)
Se perdeu, procure
Se é seu, segure
Se tá mal, se cure
Se é verdade, jure
Quer saber, apure
Quer saber, apure...
Se sobrou, congele
Se não vai, cancele
Se é inocente, apele
Escravo, se rebele
Nunca se atropele...
Se escreveu, remeta
Engrossou, se meta
E quer dever, prometa
Prá moldar, derreta
Não se submeta
Não se submeta...
Pois é, a peremptória Do It entrou no repertório do espectáculo de ontem que Lenine e sua banda proporcionaram ao público do Kriol Djazz Festival. Como o próprio disse, mais cedo no workshop, a presente tournée “está sendo mais banda”, do que o Lenine dos múltiplos ritmos que conhecemos. Tanto assim é, que maracatú, sambinha, cavalo marinho e afoxé só foi mesmo a entrar, ou de permeio, para deixar o gostinho balançado: o rock (muito enraizado, diga-se) perpassava com dura beleza, até no mais sereno das canções, e a banda definitivamente genial (maravilhosa), capitaneada por um "animal" de palco, Lenine. Tcheka também subiu para cantar Lonji, uma música do seu último álbum que leva a voz do músico brasileiro.
De recordar, que Lenine veio a Praia depois de uma longa tournée pela Europa assinalando os seus 25 anos de carreira, e promovendo o seu CD de originais intitulado Labiata. O título nasce de uma relação análoga que o artista estabelece entre a leveza e a resistência dessa orquídea e a música brasileira.
Nota...
O terceiro e último dia do Kriol Djazz Festival foi cancelado, devido a transtornos com vôos, ficando os grupos Bau e Voginha, Mário Canonge e Ralph Thamar, Regis Gizavo sem actuar.
4 de abril de 2009
A magia dos Festivais (da socialização)
Nos dias que correm uma cidade em afirmação (ou em transformação) e em busca de novas formas de socialização, caracteriza-se muito pela promoção de festivais temáticos (com realce no local), sobretudo pela dinâmica que essas iniciativas conseguem empreender. Os activos social e cultural que envolvem o espírito de um festival desse tipo (aqueles com proposta, como Kriol Djazz Festival) contam muito e traduzem-se em encontros e descobertas, a vários níveis. Esse tipo de eventos capta determinados perfis de músicos, de artistas e de público, ajudando com o tempo a criar circuitos reconhecidos fora e dentro do território. É um investimento que pode custar à primeira, até porque não se ganha financeiramente, mas o resultado no tempo vale a pena. Aliás, diria, ser essa tendência mais um dos subtis resultados da tão propalada globalização: o Kriol Djazz Festival é local, criolo, di terra, ainda que sob uma movida tão global como é o caso do Djazz.
Vida longa, portanto, ao Kriol Djazz Festival que ontem fez do Plateau um palco de alto nível a abrir com a prata da casa, Tcheka, seguido da banda Meddy Gerville - foto -(Reunião) e a encerrar Ba Cissoko (Guiné Conakry). Hoje continua: Mário Lúcio, Lenine (Brasil) e Mario Canonge e Ralph Thamar (ex. vocalista da banda de zouk Malavoi)
Raridades
Criar um Festival depende de um bom argumento, e não existe fronteira para isso acontecer, basta que o ambiente à volta sustente a idéia, e haja gente disponível. O slowfoodonfilm é um exemplo bonito de como as iniciativas podem ser imparáveis: é um Festival de cinema fundado no ano passado na Itália pelo jornalista e músico Stefano Sardo e segue a linha do movimento Slow Food criado por Carlo Petrini em 1986, na Cidade de Brá. É congregar filmes (curtas metragens e séries de TV) que mantém uma relação especial entre o alimento, a biodiversidade e a paisagem à volta; estabelecer uma relação de paixão para a comida na tela. O Festival que decorre em Maio, na Cidade italiana de Bologna, também incentiva projectos para filmes nesse domínio. Uma ideia absolutamente inspiradora ...
Salvador da Bahia é hoje a Roma da percussão (e de toda experimentação musical que bebe na cultura percussionista) muito devido ao Perc Pan (Panorama percursivo mundial), festival internacional fundado há 15 anos por Beth Cayres nessa cidade, e que envolve nomes como Gilberto Gil, Nana Vasconcelos (ex. co -directores artísticos e apresentadores do Festival) e Marcos Suzano (actual director artístico e apresentador).
A movida
Vamos ver mais, descobrir-nos a nós e os outros, e criar novos Festivais na Praia, No Fogo, no Maio... em busca de novas magias crioulas.
3 de abril de 2009
Toda Sexta-feira
Bello Veloso
Toda sexta-feira toda roupa é brancaToda pele é preta
Todo mundo canta
Todo céu magenta
Toda sexta-feira todo canto é santo
E toda conta
Toda gota
Toda onda
Toda moça
Toda renda
Toda sexta-feira
Todo o mundo é baiano junto
nota pura: bom fim-de-semana (com o santo e muita música junto); para "nóis" de cá não faltará djazz, ou melhor, kriol djazz festival! Enjoy, malta...
1 de abril de 2009
A abrir…
Esta quinta-feira, 2 de Abril, o Hotel Praia-Mar recebe o concerto de Yuri Buenaventura, como abertura do Kriol Jazz Festival, com início às 22h.
Natural da Colômbia, Yuri Buenaventura navega pela salsa e outros ritmos latino-americanos. Iniciou a sua carreira em meados dos anos 90 e de lá para cá gravou cinco discos: “Rueda de Casino” Herencia Africana”, “Yo Soy”, “Vagabundo”, “Salsa Dura” e “Cita con la luz”, o mais recente, de 2008. Um espectáculo a não perder, que dá o tom com que o festival vai decorrer no próximo fim-de-semana.
fonte: Assessoria de Comunicação
Kriol Jazz Festival
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