29 de agosto de 2009

Vote for her

Example





























A jovem cabo-verdiana Ilca Andrade é uma das 100 participantes no concurso Hellbent for Hollywood, um programa de casting inovador, criado por um conjunto de produtores americanos. Desse concurso os dez actores mais votados saem directo para um reality show, que finalmente vai seleccionar a estrela, que terá todas as oportunidades de brilhar no universo hollywodiano. Ilca Andrade já vai na décima primeira posição, e todos (caboverdianos ou não) podem, através do site http://www.hellbentforhollywood.com/, votar no nº 205.
Ilca Andrade nasceu na Cidade da Praia, fez o liceu nos Estados Unidos e formou-se em artes cénicas na Clark University. Já participou em alguns filmes e vários comerciais de marcas diversas. Neste momento vive em Los Angeles.
O concurso que tem sido muito participado nos Estados Unidos, termina esta segunda-feira, e aqui todos têm a oportunidade de fazer a diferença.

By the way

Em qualquer aventura, o que importa é partir, não é chegar. (MT)

27 de agosto de 2009

Momento...

momento saramago




















José Saramago e a esposa Pilar del Rio numa pausa em Madrid, onde o Nobel da Literatura português está a promover o seu novo livro, "Caim". A obra, que será lançada em Outubro, apresenta a tese de que não foi Caim o responsável pela morte de Abel mas sim Deus. Ainda este ano deverá chegar às salas de cinema o documentário “União Ibérica” de Miguel Gonçalves Mendes, que retrata a relação de Saramago e Pilar.

fonte: sapo.pt

13 de agosto de 2009

Hillary Clinton chega esta noite

Hillary Clinton





















O périplo de Hillary Clinton pelo Continente Africano domina a agenda internacional, e como Cabo Verde faz parte da lista dos países escolhidos, internamente o assunto vem merecendo muita atenção da Imprensa. A estadista americana vai aterrar poucos minutos depois das 20 horas desta Quinta-feira no Sal e permanece na Ilha até ao meio-dia de Sexta-feira. O Jornal da Noite na TCV, além de várias outras abordagens, decidiu ouvir os ex-diplomatas Humberto Bettencourt e José Luís Fernandes, (embaixador de Cabo Verde nos Estados Unidos entre 1980 e 1991).

Quisemos, à par das agendas do encontro, (a segurança, a boa governação, e a cooperação bilateral e multilateral) perceber os meandros das relações históricas entre os dois países.
Como Fernandes fez questão de realçar, não é a primeira vez que acontece um encontro de alto nível entre políticos dos dois países. Nos anos oitenta Bush pai visitara, a trabalho, Cabo Verde na qualidade de Vice-presidente dos Estados Unidos, e o primeiro Presidente de CV, Aristides Pereira, fora recebido por duas vezes pelo presidente americano Ronald Reagan. A agenda da época girava em torno da tensão na África Austral, envolvendo a Angola, tendo Cabo Verde desempenhado um papel importante.

O que vem à tona neste momento é o incremento das relações bilaterais entre os dois países, algo que remonta há vários séculos. Estas relações começaram com o comércio dos escravos, consolidaram-se com a emigração e consagraram-se com o sistemático apoio da América no processo de reconstrução do País, depois de 1975.

Nos primeiros anos da Independência, recorde-se, houve um clima de desconfiança dos Estados Unidos em relação a Cabo Verde, por questões ideológicas, (o PAIGC Soviético) mas a dúvida foi rapidamente dissipada, depois de uma missão diplomática cabo-verdiana nos Estados Unidos anunciando a decisão de não alinhamento em relação aos tensionamento da Guerra fria.
Com o tempo, por entre desconfianças e cenários vários, desenvolveu-se estima mútua entre Cabo Verde e a América reforçada com a presença da nossa comunidade naquele país, e mais tarde, nos anos 90, com a instalação e a consolidação da democracia

Nos últimos anos, com o tensionamento do narcotráfico na nossa sub-região, e tendo Cabo Verde se sobressaído, uma vez mais, como ponto de passagem (desta feita da droga), os EU voltaram à carga em nossa direcção, (depois de um abrandamento em meados de 90 das ajudas públicas ao desenvolvimento) com o programa Millenium Challenge Account, o troféu…

De resto, o prolongamento desse programa (da parte de CV), e a questão da Segurança (interesse americano) são os temas fulcrais da visita da estadista norte-americana, Hillary Clinton, a Cabo Verde.

12 de agosto de 2009

Mensagens provavelmente loiras

NO ESPELHO, Magrite




















1
Ardem-me os lábios
e é suave a sua loira ardência

Ardem-me os lábios
e é fugaz a sua loira ardência

Ardem-me os lábios
recostados à memória
e ao castanho ardor
do inferno dos dias

2
De ti beber a nudez
da púbis o seu espanto
dar - te a beber o leite
da condensação do desejo
os seus suplícios a nudez dos seios
os seus gemidos os seus suspiros

de ti beber a alucinação
do corpo a sua loucura
os seus gestos de intermitência

3
Digladiam-se enlouquecidos
os sentimentos indagam-se
devastados interpenetram-se
o amor a paixão a amizade
alucinados farol e tempestade
entreolham-se curiosos os sentimentos

4
O amor é uma chatice
uma âncora ilusória
que prende e retém a alma
prisioneira e fá-la
exaurir-se em cinza

Dizes o amor é um pântano
anula o mar da vida
entorpece os passos e outros sinais
encalhados doravante maculados na devastada
solidão que todavia intenta soerguer-se
do escasso fogo das faúlhas desfalecidas
em paixão reacendendo-se sobrevivas
ardentes crepitando redevivas
vívidas soletra o meu busto debruçado
sobre o frio perfil do silêncio
inconstante presságio do abismo
infalível habitáculo da dúvida

LX, Agosto de 2009
José Luís Hopffer C. Almada


magem: O Espelho, Magrite

11 de agosto de 2009

Poema Transitório

passeio

























(...) é preciso partir
é preciso chegar
é preciso partir é preciso chegar... Ah, como esta vida é urgente!

... no entanto
eu gostava mesmo era de partir...
e - até hoje - quando acaso embarco
para alguma parte
acomodo-me no meu lugar
fecho os olhos e sonho:
viajar, viajar
mas para parte nenhuma...
viajar indefinidamente...
como uma nave espacial perdida entre as estrelas.

Mário Quintana

10 de agosto de 2009

Laroyê!

mother white, Mário Cravo Neto




















Morreu, no Domingo, aos 62 anos um dos mais conceituados fotógrafos do Brasil, Mário Cravo Neto. O artista baiano, um dos precursores da arte conceptual em Salvador, ficará imortalizado como o artista/fotógrafo que melhor retratou a vida e a espiritualidade baiana, através das lentes. Além de uma longa lista de prémios, Cravo Neto, filho do escultor Mário Cravo Júnior, publicou diversos livros de fotografia.
Mário Cravo Neto é pai do também fotógrafo Christian Cravo, que por caminhos próprios tem seguido o ímpeto artístico do pai. Laroyê!

foto: mother white, Mário Cravo Neto

Na chuva com Nabokov

Pollock




















Parece-me que na escala das medidas universais há um ponto em que a imaginação e o conhecimento se cruzam, um ponto em que se atinge a diminuição das coisas grandes e o aumento das coisas pequenas: é o ponto da arte.

Vladimir Nabokov


7 de agosto de 2009

Do Cabo-verdiano: ao seu acanhamento e orgulho...

mayra






















De vez em quando ponho-me a analisar o comportamento do público cabo-verdiano diante do sucesso e do desempenho dos artistas. Confesso mesmo algum desconforto, principalmente quando os artistas vêm do Brasil onde os fãs são expansivos e demonstram todo o carinho que têm pelo músico ou pela banda. Dir-se-ia faltar a festividade do público mesmo em festivais! Em relação aos músicos nacionais, fico mais complacente porque sabem o público que têm, apesar de imaginar que gostariam de ser mais acarinhados.

Não que isso não aconteça, mas numa proporção muito abaixo do desejável. A apatia não pára por aí. Reparem, por exemplo, que não temos um único fã clube no país e os nossos músicos não são recebidos nos aeroportos, passando desapercebidos até perante a imprensa. Apesar da nossa propalada morabeza, não somos muito dados a emoções efusivas e intensas, e os nossos artistas ressentem isso de alguma forma. Mas com isso, não se pretende dizer que o nosso público não sabe apreciar. Longe disso: compram os discos, ouvem as músicas, apreciam os artistas muito no seu círculo de boca pequena, mas ficam inibidos na hora de demonstrar.

Por outro lado, confesso também estranhar a elevada comoção que o cabo-verdiano consegue demonstrar perante o falecimento de um artista, o mesmo artista que em vida mereceu, em algum momento da sua carreira, alguma indiferença. Um paradoxo!

Não terá chegado a hora de revermos esse lado, para no dia em que esses artistas nos deixarem (como aconteceu com Pantera, Ildo Lobo e agora Biús) se misturarem o seu sorriso aos nossos, como de resto, apregoa Ferreira Gullar, (um dos maiores poetas vivos em Língua Portuguesa)? Sempre que me coloco entre a vida e a morte me valem as palavras desse poeta brasileiro, vivo, e muito celebrado no seu país. Seguimos-lhes o exemplo?!

Orgulho (Mayra)

Ainda não ouvi Stória Stória, o último disco de Mayra Andrade (foto), como gostaria. Em casa de amigos e pelo rádio tenho escutado intermitentemente algumas das suas canções. Nada que não venha fazer por esses dias que se aproximam de Setembro (o mês dos meus encantos), e quando ela tem agendado cinco shows no país. Por ora, tenho sentido pela artista um fino orgulho crioulo quando a oiço, como ontem aconteceu, numa entrevista impecável que concedeu à RFI, em que falava do seu disco, da sua concepção de world music, do toque brasileiro do CD Stória Stória, do percurso da música cabo-verdiana vis-à-vis suas raízes tradicionais... Fino orgulho quando um amigo da Reuters em NY telefona-me a dizer que ficou muito bem impressionado com a dimensão dessa jovem artista cabo-verdiana de 24 anos que acabara de entrevistar. Orgulho grande com o disco de Ouro que Stória Stória acaba de arrebatar em Portugal.

bom fim-de-semana

6 de agosto de 2009

Acontece

belle




















Bateram à minha porta em 6 de agosto,
aí não havia ninguém
e ninguém entrou, sentou-se numa cadeira
e transcorreu comigo, ninguém.

Nunca me esquecerei daquela ausência
que entrava como Pedro por sua causa
e me satisfazia com o não ser,
com um vazio aberto a tudo.

Ninguém me interrogou sem dizer nada
e contestei sem ver e sem falar.

Que entrevista espaçosa e especial!

Pablo Neruda (Últimos Poemas)

5 de agosto de 2009

Biús


















os mortos vêem o mundo
pelos olhos dos vivos

eventualmente ouvem,
com nossos ouvidos,
certas sinfonias
algum bater de portas,
ventanias

Ausentes
de corpo e alma
misturam o seu ao nosso riso
se de fato
quando vivos
acharam a mesma graça

Os mortos, de Gullar

Ver de novo ...















Dia: Hoje, Quarta-feira
Horário: 22: 30

Canal: TCV

4 de agosto de 2009

O tempo... o mar

sense




















Ando muito sensível e meio desarmada com as coisas ao meu redor. E ontem no lançamento de “Na Esquina do Tempo, Crónicas de Diazá” do Antropólogo Manuel Brito Semedo, o momento foi de especial emoção. O gesto de Brito Semedo “mexeu” comigo e confesso que estes rabiscos serão tudo o que quiserem, menos uma resenha de leitura resultante de uma interpretação rigorosa e objectiva.
Brito Semedo nessa obra mostra-se como um cronista de vidas passadas e de histórias do seu quotidiano homenageando a sua avó, Mãe Liza, a mãe e a filha. Três gerações de mulheres que ajudaram a moldar a sua personalidade, como, aliás, confessa. Mas também a escrita é de lembranças dos lugares e das situações memoráveis vividas com colegas de jornada. A descoberta do cinema (ou será a sua capacidade de transposição?), os marcos convencionais como festas de aniversário e de formatura (numa dialogia entre a ausência e a presença, mais tarde) também atravessam os textos.

Antes de ler tais crónicas, quis saber se as histórias eram tristes, alegres ou, finalmente, um misto disso tudo. Brito Semedo, sem hesitar, respondeu: “São tristes... foi uma catarse que decidi fazer com a minha vida”.

A dependência (emocional, inclusive) da avó, as dificuldades, os sonhos escondidos, a relação de desamor com o pai, tudo surpreende pela sua dimensão existencial. “Crónicas de Diazá” conta-nos a história de um ser humano que soube reconhecer o valor que outras pessoas tiveram no seu crescimento e na estruturação da sua personalidade. Desde a avó aos amigos,, passando pela primeira esposa e filhos... o homem atravessa o tempo com as suas mágoas, sem se deixar amargar. O ser humano que hoje decide compartilhar (com afecto, diga-se) as facetas que o fizeram.

Em nota: Todos os lucros do livro revertem-se a favor da Associação de Luta contra o Cancro.

O mar

Foi assim, como ver o mar, a primeira vez que os meus olhos viram o seu olhar...

3 de agosto de 2009

Finale














Cansei-me um dia dos horizontes fechados
e num desafio aos deuses
lancei meus versos ao mar
Limpo como o dia
Caminhei triste pela praia
O que atrás ficou não eram só os momentos
vagos que um dia deixei de viver
Afinal, somado, tudo aquilo
- os poemas, o mar, o dia claro –
nada é verdadeiro, nada é ilusório
tudo é quase nada, nada é quase tudo

josé vicente lopes

in: destino di bai

2 de agosto de 2009

Macau: à procura do Cabo Verde Sem Fim













O título acima é de um documentário que será emitido hoje à noite, na TCV, depois do Visão Global. Um trabalho que nos ajuda a perceber o perfil da nossa comunidade naquelas terras do Oriente, e conta, em perspectivas cruzadas, o percurso dessa mesma comunidade.

O Genérico (encontro entre as bandeiras de CV e de Macau sobrepostas à fotografia de dois cabo-verdianos de partida - na foto), com a música de fundo do grupo Os Tubarões soando Oh que Sodadi!, mais o título, induzem um Cabo Verde que extravasa o arquipélago, e se dá também num espaço sociológico que, ao mesmo tempo, se distancia e se aproxima da matriz crioula.

No enredo, o programa conta histórias reais de cabo-verdianos que decidiram se aventurar por terras distantes, e que hoje se orgulham do feito. O viver Cabo Verde (através da música, da culinária, e das novas tecnologias), a multiculturalidade, a integração ...
Um olhar sobre Macau, e uma percepção crítica dos cabo-verdianos sobre o percurso desse território são outras vertentes deste trabalho.

horário de emissão: 21h 40mn

1 de agosto de 2009

A Noite na Ilha













Dormi contigo a noite inteira junto do mar, na ilha.
Selvagem e doce eras entre o prazer e o sono,
entre o fogo e a água.
Talvez bem tarde nossos
sonos se uniram na altura e no fundo,
em cima como ramos que um mesmo vento move,
embaixo como raízes vermelhas que se tocam.
Talvez teu sono se separou do meu e pelo mar escuro
me procurava como antes, quando nem existias,
quando sem te enxergar naveguei a teu lado
e teus olhos buscavam o que agora - pão,
vinho, amor e cólera - te dou, cheias as mãos,
porque tu és a taça que só esperava
os dons da minha vida.
Dormi junto contigo a noite inteira,
enquanto a escura terra gira com vivos e com mortos,
de repente desperto e no meio da sombra meu braço
rodeava tua cintura.
Nem a noite nem o sonho puderam separar-nos.
Dormi contigo, amor, despertei, e tua boca
saída de teu sono me deu o sabor da terra,
de água-marinha, de algas, de tua íntima vida,
e recebi teu beijo molhado pela aurora
como se me chegasse do mar que nos rodeia.

poema: Pablo Neruda
imagem: Ilha Brava, de Monique Weidmer