Saio do sono como
de uma batalha
travada em
lugar algum
Não sei na madrugada
se estou ferido
se o corpo
tenho
riscado
de hematomas
Zonzo lavo
na pia
os olhos donde
ainda escorre
uns restos de treva.
nota pura: "Mau Despertar" (Agosto 1977) de Ferreira Gullar, Prémio Camões 2010 (o meu e nosso poeta sujo)
3 comentários:
poeta sujo
Para a Margarida que deu o mote, e claro está, para o FG
Que sujo seja então
Teu nome mais limpo
Aquele com que a glória
Se lava dos restos da noite
Para perturbar na pia matutina
O teu difícil acto de dormir
Sujos sejam teus sonhos
A nascerem de olvidados
Úteros de trevas como crianças
Que não sabem de que fonte
De luz inolvidável se desprenderam
Para o espanto de acordar
Sujos sejam todos os momentos
Em que a tinta se liberta do punho
Insubmisso para o horizonte da alva
E as palavras que esqueci
SONO, BATALHA, MADRUGADA, FERIDA, CORPO
RISCO, HEMATOMA, PIA, OLHOS, RESTOS, TREVAS
Despertem à sombra da lua nova, onde arde
Na madrugada próxima o poema por escrever.
Alex
9/6/2010
Sinto-me honrada em ver meu "conterrâneo", aqui em suas páginas, e obrigada pela publicação, o Ferreira Gullar o fez por merecer.
Um beijo!
;)
Adoro Gullar...um dos poetas mais citados nesta página.
Beijos para ti ;)
Alex, um abraço sujo de poesia...
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