13 de agosto de 2010

Antes de amar-te





















Antes de amar-te, amor,
nada era meu:
vacilei pelas ruas
e coisas:
nada contava,
nem tinha nome:
o mundo era
do ar que esperava.

E conheci salões cinzentos,
túneis habitados pela lua,
hangares cruéis que se despediam,
perguntas que
insistiam na areia.

Tudo estava vazio, morto e mudo,
caído, abandonado e decaído,
tudo era inalienavelmente alheio,
tudo era dos outros e de ninguém,
até que tua luz, teu sorriso
encheram minha alma.

Nomes e prenomes tive
beijos, carícias e
carinhos me deste,
e tua beleza e tua
pobreza de dádivas
encheram meu outono,
meu inverno,
minha primavera,
meu verão

e agora,
sem o outono de volta...

Pablo Neruda

3 comentários:

Anónimo disse...

sem palavras por tamanha beleza.

Bom fim de semana. Romira

Anónimo disse...

Hoje acertaste no poema. Soberbo. Não conheço o Chile, mas deve ser maravilhoso ao dar ao mundo um poeta como Neruda.
PS, creio que fiz um comentário sobre o documentário Lá e cá inspira, que não vi publicado. Foi censurado ou não chegou?

Carlos Silva

pura eu disse...

Aqui, Carlos Silva ??, mando eu: nos poemas e nos comentários que escolho publicar. Tu mandas sabes onde, mas isso quando te deixam mandar...

Margarida Fontes