
“Nós pensávamos que seria sem dúvida mais aliciante se, por exemplo, o livro de Teixeira de Sousa tivesse como título "A última viagem do capitão Hilário Cardoso", afinal das contas o personagem principal do romance. Não só como dono do navio Nossa Senhora do Monte, como também, e sobretudo, um herói que, durante dois meses, luta e sofre no estreito e fechado espaço do seu camarote, entre o sagrado principio de se manter fiel à legítima esposa que o espera em S. Filipe, e as provocações de uma bela passageira que todos os dias inventa novas maneiras de tentar quebrar essa fidelidade persistente...”
Foi com estas palavras sugestivas que o escritor Germano Almeida começou a apresentar, no Mindelo, Oh! Mar de Túrbidas Vagas, último livro de Henrique Teixeira de Sousa. A obra é uma homenagem ao poeta Eugénio Tavares, não fosse o seu título o nome de uma das mornas mais belas desse ilustre filho de Cabo Verde. Foi por esta razão, está claro, que o autor não aceitou a sugestão da editora de mudar o título da obra.
O romance de Teixeira de Sousa relata a viagem de um veleiro dos Estados Unidos que passa pelas ilhas de S.Vicente e Brava. É uma forma, segundo o autor, de dar a conhecer à nova geração referências passadas deste país. “Escrever sobre aquilo que foi cabo verde é útil para a nova geração que não conheceu essa vida “nhanida” de Cabo Verde”, diz o autor, acrescentando que “cabo verde era pobre, era miserável, era miserabilista”.
Oh! Mar de Túrbidas Vagas foi editado pela Ilhéu Editora, e enquadra-se nas comemorações do 30.º aniversário da independência.
Henrique Teixeira de Sousa nasceu na Ilha do Fogo, é médido, foi presidente da Câmara Municipal do Mindelo no período colonial, e vive em Portugal há mais de 20 anos.
Obras do autor
- Contra mar e vento
- Ilhéu de contenda
- Capitão de Mar e Terra
- Xaguate
- Djunga
- Na Ribeira de Deus
- Entre duas Bandeiras
- Oh Mar das Túrbidas Vagas
Lançamento na Praia: 2 de Novembro
Hora: 18h30
Local: Sala de Conferências da Biblioteca Nacional
Apresentador: Arnaldo França
Hora: 18h30
Local: Sala de Conferências da Biblioteca Nacional
Apresentador: Arnaldo França
com tcv
Uma casinha branca entre a verde espessura
É o selo dos encontros, desencontros e reencontros. O dono dos olhares todos que perpassam meras fronteiras materiais. Cultiva uma relação primordial com as divindades, e através delas se sente e se mostra na arte.
Uma gala intitulada “Nôs morna”, em homenagem ao malogrado Ildo Lobo, selou a inauguração do TabankaMar na noite de ontem. O espaço que marcou a vida da Prainha nos anos 70 e 80 renasce, em força, com uma proposta ousada. Promete movimentar a capital cabo-verdiana com música ao vivo, exposições e tertúlias literárias. Uma provocação.
Iolanda de Pablo Milanez, fechou, sob o signo de mestiçagem, o encontro, na Praia, entre Mário Lucio e Luis Represas. Um encontro que resulta dos tantos desencontros que a vida nos proporciona. A própria mestiçagem, neste caso musical, na proposta de Luis Represas, nada mais é, do que uma síntese de um percurso de história, e de vivências.
A cantora cabo-verdiana, 
Tudo isso me parece uma luz no fundo do túnel. A que vai iluminar, não se sabe se de vez, a cinzenta ilha da Brava. A proposta do deputado do PTS, Jorge Silva, passou no parlamento, e 18 de Outubro – data do nascimento de
Cabo Verde não é África, lemos e ouvimos dizer por mais de uma vez. É capaz de ser certo. Mas “nun tardinha na kambar di sol”, conforme diz uma morna de B. Leza, vendo os rostos dos negros brincando na areia escura das praias da cidade da Praia, conversando com os camponeses que regressam das fazendas da costa Leste da ilha de Santiago, com as moças equilibrando baldes de água no alto da cabeça, ou deixando o olhar flanar pelos mocetões que fazem ginástica diante do mar da Laginha, no Mindelo, apetece que África pudesse ser toda como Cabo Verde. Pobre, é certo, mas também morna, amena, bela, sem pestes nem guerras. “Terra sabi”, como no poema de Joaquim Manuel Andrade.