24 de fevereiro de 2009

Banderona 2009: pinceladas

Banderona 2009



















Terminou ontem a Banderona 2009, aquela que é considerada, pela sua duração, a maior festa tradicional de Cabo Verde. A comemoração deste ano, ocorrida em Campanas Baixo, Fogo, aconteceu em homenagem a Nhô Mulato, cordidjeru di Banderona por mais de 80 anos, falecido no ano passado. O festeiro deste ano foi João Fontes, neto de Nhô Mulato que decidiu em nome do avô e da tradição resgatar todos os pormenores desta manifestação cultural.

Houve muita talaia baxu nos finais de tarde durante os 23 dias em Campanas Baixo, e nos últimos três dias Nênê di Codé dava o mote às noites de baile animadas pelo grupo tradicional Côrda Campana, e por artistas vindos dos Estados Unidos. Ouvir Nené di Codé, homem dos seus mais de 80 anos, foi para mim uma descoberta e arriscaria chamá-lo rei di talaia baxu; um homem de forças, antigo pescador que canta e encanta num misto de força e mágoa. Há muito não cantava nesta Bandeira.

Os 23 dias de festa são feitos de pilão e muito cola. Nos últimos três dias o ânimo se aproxima do Santo. O ritual de Matança, um dia antes do dia grande, é um dos momentos mais esperados da Banderona.

O Festeiro do próximo ano vai ser Meliciano Pina, um outro filho de Campanas. De recordar que tomar bandeira é um acto de fé que honra uma promessa, mas também um gesto de afirmação social. Daí que nos últimos anos a Banderona tem sido tomada apenas por emigrantes; em regra, pessoas com alguma posse.

Recorde-se que esta bandeira surgiu através de uma brincadeira de crianças há mais de duzentos anos na zona de Campanas Baixo. As crianças pertencentes a três famílias dessa zona teriam fincado um mastro de S. João numa ribeira que permaneceu dias no mesmo sítio, apesar de fortes chuvas e ventania. Acreditando tratar-se de um milagre, essa brincadeira foi "levada a sério" por essas três famílias e permanece até hoje com uma forte carga simbólica para Campanas, Fogo, Cabo Verde e o mundo dos emigrantes.

A missa, a cavalaria encenada (porque sem cavalo), o canizade, a fuga do mascarado...

A Televisão de Cabo Verde registou todos os pormenores para um documentário e contará essa história oportunamente aos seus telespectadores.

2 comentários:

tatiana cobbett disse...

Eh força!!!
Muita saúde e proseridade aos todos e a toda gente ...
beijares meus
tatiana

pura eu disse...

Pois é, querida!

Uma força que se renova a cada Fevereiro...

afagos campanares

margarida