Cabo Verde!
Serás tu
vã expressão
neste diário afã
de te querer verde?
Serás tu
fútil alcunha
vilipendiando
os semblantes nossos
de rocha nua e agreste
fátuo cognome
deste chão basáltico
de perfil verde
mera denominação
deste torrão famélico
de espasmos verdes
ou tão só verde nome
espoliado à esperança
baptismal e irónica nomeação
da fraternidade da semente
que no pesadelo da erosão
da terra mulata e estéril
faz crescer acácias
nem verdes nem rubras?
Serás o verde
que nas áridas achadas
do seco lugar sonhado cabo verde
canta a mão que semeia
e faz germinar
pés árvores de sonho
ou tão só
o verde que acaba
e ressurge nos sonhos de amanhã
do retorcido cabo da enxada?
Caboverde!
Serás tu palavra vã
ou o infinito enredo
o íntimo desvelo
de um verde afã?
autor: Nzé di Sant’ y Águ (versão refundida)
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