30 de junho de 2005

O esplendor da Independência Nacional

Cabo Verde conquistou a sua independência a 5 de Julho de 1975. Volvidos trinta anos, há muitos motivos de comemoração e de reflexão.
Desde logo a necessidade de perspectivar a Independência Nacional a partir da evolução histórica da criação da língua e da cultura endógenas, da noção de si e de pertença, algo então ocorrido ainda na cidade de Ribeira Grande.
O nacionalismo cabo-verdiano forma-se cedo, a partir da crioulização dos reinóis e dos escravos africanos. O nascimento nas ilhas obriga uns e outros a um esforço de adaptação. Nasce uma nova sociedade a todos os títulos crioula, em que todos se apartam, um pouco, das suas raízes de origem para a re-invenção de um modus vivendis singular.
Muitos estudiosos consideram que foi na era Pombalina com a criação da Companhia de Grão Para e Maranhão, com o monopólio do tráfico com a Costa Africana, que surgem tensões e dicotomias políticas, económicas e sociais em Cabo Verde.
Essas tensões tornam-se mais nítidas no período entre 1820-1822, em que ocorre a Revolução Liberal em Portugal. A expectativa de liberdades criada pelo liberalismo, faz germinar no Arquipélago um movimento organizado de ruptura com Portugal. Mas, uma vez que as ilhas não tinham sustentabilidade, o movimento propugna a união com o Brasil.
As fomes cíclicas também reforçam as reivindicações nacionalistas, quer junto às elites, quer junto aos populares que mais directamente sofriam o impacto dessas tragédias. Foi ainda uma das grandes razões da migração e emigração, o maior fenómeno sociológico da Nação cabo-verdiana. Começa-se a indexar a fome à má governação e à incúria do governo colonial.
As elites cabo-verdianas dos fins do século 19 e começo do século 20, chamadas por vezes de protonacionalistas, reivindicam uma integração mais plena e equitativa ao mundo português como a melhor saída para Cabo Verde. Essa elite aventou hipóteses de adjacência, estatuto administrativo especial e autonomia, alegando proximidade civilizacional com Portugal.
O poeta José Lopes, por exemplo, recupera o mito hesperitano, de vocação atlântica e macaronésia de Cabo Verde, e por isso almejante da Independência Nacional.
O poeta e compositor Eugénio Tavares é dos que consegue sintetizar esse pensamento, reivindicando a plena cidadania portuguesa para os filhos de Cabo Verde. Portugueses irmãos, sim, Portugueses escravos, nunca! Leia mais

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