6 de julho de 2007

Gabo para os amigos

ExampleGabo é o nominho de Gabriel García Márquez, o autor de Cem anos de Solidão, O Amor nos Tempos do Cólera e outras nomeadas. Num jantar com amigos e familiares, recebeu uma repórter da revista brasileira Caros Amigos para uma conversa, o que foi considerada pela publicação nada mais, nada menos do que um furo fantástico. E é, de facto, se lembrarmos que o Prémio Nobel da literatura de 1982 não tem dado entrevistas faz tempo. A conversa aconteceu em Cartagena de Índias, Colômbia, cidade onde García Márques nascera há 80 anos, e não pisara há anos. Transcrevo em baixo umas linhas cheias de encanto da entrevista que García Márques concedeu à jornalista Ana Luiza Moulatlet (Foto).

Respeito sacramental

"(…) Foi um momento único. Afinal de contas, Gabo nem mais telefone quer atender. A única pessoa com quem ainda fala na linha é Mercedes, sua esposa, com quem vive no México. E porque Gabo está de volta? Quem responde primeiro é seu velho amigo Bernardo Hoyos, único a quem ele dedica, entre os 19 participantes do jantar, dois beijos no rosto. “Todos os amigos do Gabo ou morreram ou estão morando longe, na Europa”. Por exemplo: o escritor Carlos Fuentes, de quem gosta há muito tempo, está morando em Londres. Aqui em Cartagena ele tem dois amigos inseparáveis: o Jaime Abello e o seu irmão Jaime Garcia Marques.
Mas quem é Gabo para seu velho amigo? “Conheço-o desde os anos 50. Posso te dizer que é uma pessoa com uma determinação e um rigor muito acima do que qualquer outra. É rigoroso até com sua ficção e fantasia. Se exige muito, é muito autocrítico. Venceu e voou tão alto porque, eu vi isso acontecer, desde os anos 50 já sabia que é um grande escritor. Mas tem alguma mágoa, por exemplo, do finado escritor argentino Jorge Luís Borges. Borges foi muito injusto com Gabo. Eu o conheci, e ele disse uma vez que “a obra de Gabo é boa somente nos seus primeiros 50 anos”, e acho que isso deixou Gabo muito magoado.
Qual a obra literária que Gabo gostaria de ter escrito? “Ele sempre me disse esses anos todos que a obra que gostaria de ter escrito era Pedro Páramo, do mexicano Juan Rulfo, um livro que sem dúvida muito o influenciou na confecção de Cem anos de Solidão”, responde, de pronto, Bernado Hoyous. E qual a obra que ele mais gostou de ler? “Foi Grande Sertão: Veredas, do brasileiro João Guimarães Rosa. É o livro que ele mais admira em toda a sua vida”, diz Hoyos. (…)"

In: Caros Amigos, Junho 2007

5 comentários:

Eileen Almeida Barbosa disse...

Bom, se tivermos em conta que Memórias das minhas putas tristes foi escrito depois desses 50 anos, eu sou capaz de concordar... o livro ficou aquém do usual. E o primeiro livro, de contos, por sinal, o "Olhos de cão azul", também é um bocado esquisito... e nada tão bom como os da "maioridade".

pura eu disse...

Espero bem que Bernardo Hoyous não passe por este blog… é de todo improvável. Evitamos, assim, mais uma mágoa na vida do Gabo. (risos) Parabéns pelo Eileenístico.

Ema Pires disse...

Olá amiga foguense,
Gosto muito dos livros de García Marques. Até o conheci num congresso uma vez que veio a Espanha. Parece um grande ser humano.
Beijinhos

Eileen Almeida Barbosa disse...

Sabe-se lá... ele pode simplesmente andar à procura do próprio nome no Google, vir ao Os Momentos, ver o meu comentário, mexer uns pauzinhos e adeus Eileenístico para mim... hehehe Vade retro, satanás! Obrigada pelos parabéns antecipados!

pura eu disse...

Eileen, Hoyous não teria esse poder todo a partir de Colombia, e deve ter um bom astral o homem... (risos)

Ema...que honra, ver Garcia Marques de perto.
Bjinhos às duas