6 de setembro de 2007

A diluição do mercado

É no mínimo intrigante aquela publicidade da margarina Planta emitida diariamente na nossa TV pública. O leitor já viu? Uma família não cabo-verdiana a tomar o seu pequeno-almoço, com um ar de satisfação. Outra incompreensão é a voz off, anunciando a certificação do produto “nacional”, pelo Instituto Superior de Ciências da Saúde Egas Moniz.
O título acima foi a expressão encontrada para sintetizar esse quadro: um nonsense e puro descarte da inteligência dos consumidores. Se o spot, que em momento algum se refere ao mercado cabo-verdiano, contribui para a venda do produto, então algo está errado entre nós. O normal seria associar o produto a uma imagem nacional. Vejamos o exemplo da Coca-Cola. E caso a margarina Planta tenha escoamento no nosso mercado, sem o efeito da publicidade, que se prescinda dessa bizantinice.
Um cereal de marca Nacional é igualmente deste modo propagandeado nas nossas telas como sendo um “produto nacional”.
Falta de respeito e de atitude das partes envolvidas, respectivamente.

4 comentários:

Anónimo disse...

Olá miuda (permita-me que lhe trate assim),
excelente post e conteúdo provocante.Tudo o que sublinhaste,e bem,leva-nos,ou deveria levar,à seguinte questão/questões:que tipo de publicidade é produzida em cv?como é caracterizado e como funciona o mercado publicitário em cv?quais os estereótipos veiculadas pelas peças publicitárias realizadas em cv?
Enfim,nessa area,ainda há muitas questões sem respostas...

pura eu disse...

Os anos passam, não serei tão miúda assim, mas muito depende da perspectiva, não é verdade? Mas adiante…

Não sei se poderemos falar em mercado publicitário em Cabo Verde, quando se assiste a situações como essa que descrevo. Puxei pela cabeça e não consegui imaginar um único país/canal/grupo de profissionais (de mercado) que aceitasse passivamente esse quadro. Há que pensar primeiro numa publicidade para Cabo Verde, a todos níveis, e só depois começar a debruçar em questões, como as pertinentes que levanta.

Anónimo disse...

ola de novo miúda!
Desculpa a minha insistência em chamar-te assim...acho-te uma miúda por causa do teu espírito inquieto que,parece-me,não deixou ser "tocado" pelo avanço dos anos (desconfio que,mesmo tendo em conta a tua idade,ainda assim deves ser uma menina)...sim "pikinoti",tens razão sobre o facto de não existir ainda um mercado publicitário em cv.Mas,pelas empresas do ramo existente,pelas empresas anunciante,pode-se concluir que esse mercado,no mínimo,está em construçao.Sendo assim,que melhor altura do que essa para levantar questões e,como dizes,pensar sobre esse mercado?Portanto,cá vai uma questão/sugestão para a tua reflexão:quais as consequências que a publicidade realizada no e para o consumo de paises estrangeiras terá nos cverdianos,na nossa cultura e nos nosso hábitos?

pura eu disse...

Entendo o seu enquadramento muito particular.

Quanto à sugestão para reflexão, acredita que há já algum tempo que venho prestando atenção nisso. Publicidade feita para cabo-verdianos tem sido um negócio fácil e bom (para eles). Tarefa difícil será colocar na agenda pública essa reflexão que é séria… se já para os implicados directos é o que se vê…!!! As consequências são idênticas às produzidas pela emissão (programação unilateral) aberta e ininterrupta da RTP África… Para agir nesses dois casos não precisamos pensar muito…basta imitar a atitude de Angola.