21 de julho de 2009
(Gosto de) Roman Polanski
Saio de uma mente brilhante para entrar numa outra: a do realizador polaco Roman Polanski (foto1). Dos vários filmes que adensam a excelente carreira cinematográfica de Polanski, creio que “O Pianista” condensa o que de “definitivo” esse realizador desenhou para o seu percurso. O próprio reconheceu, aliás, esse feito.
Varsóvia, 1937, Segunda Guerra Mundial. Um pianista judeu e sua família sobrevivem ao aperto do certo alemão. É um tempo de privação e de provação dos judeus. As restrições de circulação e acesso. A versatilidade e a genialidade do Wladyslaw Szpilman. A paixão deste por uma jovem alemã. O surgimento dos guetos (a retirada de Varsóvia), os assassinatos à calha e, finalmente, o campo de concentração e o extermínio. A esse destino, escapa o pianista para um sofrimento mais pausado, dilacerante e humilhante. A música e o piano salvam-no. E é ajudado, inclusive, por um oficial alemão que no fim, no reverso da situação, vai precisar da mesma compaixão.
O Pianista (foto2) arrebatou Palma de Ouro no Festival de Cannes de 2002. Um enredo de diálogos esparsos e definitivos, impressionou o Júri. O silêncio, os espaços entre o tempo, a cor acinzentada, a música sempre presente anunciando algo que nunca chega, capta a sensibilidade de todos que enfrentam este filme, diga-se.
Polanski, ele próprio, cresceu num dos guetos de Varsóvia e perdeu os pais num Campo de Concentração. Entretanto, ele não assume que O Pianista tenha algo de autobiográfico. Wladeck, o protagonista ficcionado, existiu realmente e é autor de O Pianista, Romance. Só veio a falecer no ano 2000. Com 88 anos.
“São alguns factos de que recordo”, afiança, entretanto, o cineasta. A intensidade (ainda que fria) do filme O Pianista chega a ser sensorial, dir-se-ia que somos transportados pelas ruas de Varsóvia e, por um instante, experimentamos as excrescências da desumanidade: a indignidade, a morte e, mais que isso, ao verdadeiro extermínio da alma humana…
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