9 de julho de 2009

Se Oriente

Humberto e Mário Évora






















Pela curiosidade de ver
Onde o sol se esconde
Vê se compreende
Pela simples razão de que tudo depende
De determinação

Gilberto Gil. Oriente

Os detalhes têm força quando nos conseguem desviar do genérico... assim penso e, partindo de um pequeno detalhe, esboço estas curtas linhas sobre a comunidade cabo-verdiana em Macau.
É tocante deambular por Macau acompanhada por um ou dois cabo-verdianos e ter a sensação de que são conhecidos por muita gente. Uma terra minúscula com cerca de 28 quilómetros quadrados, no Extremo Oriente, mas que é um formigueiro de cerca de seiscentas mil pessoas entre residentes e turistas. O paradoxo da familiaridade, direi.

Os poucos mais de quarenta cabo-verdianos formam uma comunidade interessante e peculiar, porquanto estão nas mais diferentes esferas profissionais e encontram-se perfeitamente integrados. Ao contrário do que se poderia pensar, nem o factor língua e muito menos a cultura oriental criaram barreiras para essa gente que lá nos confins da China vive Cabo Verde da forma mais intensa possível. Fazem-no através da música, do incontornável crioulo, dos convívios, das pequenas histórias e lembranças.

Os cabo-verdianos, além de reconhecidos profissionais, ocupam cargos directivos em bancos, hospitais, e associações profissionais; alguns conciliam a carreira profissional com a docência universitária. Na TDM (Teledifusão de Macau) o jornalista Jorge Silva, nascido na Praia, apresenta o jornal das 8: 30 e coordena a redacção, e na política temos o cardiologista Mário Évora, (foto, à direita) filho de cabo-verdianos nascido em Macau, a integrar uma das listas que irá concorrer para o próximo pleito eleitoral.

Os primeiros cabo-verdianos foram para Macau nos anos 40/50 na qualidade de funcionários públicos. Alguns ficaram por lá e constituíram famílias, (hoje é uma realidade a segunda geração de cabo-verdianos em Macau). Mais recentemente, alguns estudantes universitários aumentam o contingente da comunidade crioula. Em sentido literal do termo. “Orientam-se” em Macau e por lá ficam radicados. Pela simples razão de que tudo depende
De determinação…


Estas histórias, muitas das quais de sucesso, serão contadas em primeira pessoa num especial documentário sobre os Cabo-verdianos em Macau, brevemente na Televisão de Cabo Verde.

Foto: Humberto e Mário Évora

2 comentários:

Unknown disse...

Muito interessante. Realmente é caso para dizer "até na lua há cabo-verdianos" ;) Tenho pena de não poder ver o programa para conhecer mais esta "ilha exterior" de Cabo Verde.

Bjs,
Katy

pura eu disse...

Oi, Katy! De repente cai-te a sorte e vês o programa numa das passagens por cá.
Bjs
M.