22 de setembro de 2009

A escravatura, o jornalismo e o abismo

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Ao longo dos cinco anos deste blog a escravatura tem sido um tema recorrente. Desde logo pelo peso histórico que a Cidade Velha teve na afirmação do tráfico de escravos, e do papel incontornável que desempenhou nesse comércio transatlântico. Mas a maioria dos textos que aqui escrevíamos fazia referência à não existência no país de um Comité de Rota de Escravos. O projecto da UNESCO sobre a Rota de Escravos nasceu em 2004 no Benin com o intuito de promover estudos e pesquisas sobre tal tragédia humana com vista a potenciar ao nível turístico, académico e outros os sítios que foram palcos da subtração, passagem, ou chegada dos escravos. A ideia de fundo passava pelo fim das lamentações, e pelo inaugurar de uma nova forma de se lidar com esse episódio horrendo da história que epicamente deu novos mundos ao mundo. Todos os países com passado escravocrata, mormente aqueles que ainda precisam de ajudas de terceiros para levar adiante os seus projectos, aderiram ao projecto Rota de Escravos criando os seus Comités nacionais. Paradoxalmente, Cabo Verde é uma excepção. Inclusive trabalhos esparsos nessa matéria foram produzidos por historiadores nacionais, mas no âmbito do Comité Português.

Estranhamente só agora, 15 anos passados, e depois de participar numa reunião sobre a escravatura na Guiné Equatorial, vem o presidente do INIPC (Instituto de Investigação e Promoção Culturais) que será eventualmente a primeira entidade responsável por essa matéria, falar da importância deste projecto e da necessidade de se recuperar o tempo perdido. De recordar que há mais tempo Cidade Velha poderia ser considerada Património da Humanidade, com mais sustentabilidade e de forma mais conseqüente, principalmente aos olhos de quem hoje a vê. É que o reconhecimento da história passa por encarar o presente.

Do jornalismo ao abismo

1. Pergunta – Em que medida a internet contribui para o jornalismo?

Daniel Jean director da `Nouvel Observateur`– Para os jornalistas, a internet traz o gosto pela velocidade. A possibilidade de qualquer pessoa responder a qualquer pessoa. Ou o fato de que todo mundo possa ser jornalista e, nesse caso, que os próprios jornalistas deixem de acreditar neles mesmos, porque são questionados a todo momento. Está se produzindo um descrédito na função do jornalista.
Daniel Jean falava a respeito do seu ultimo livro ´Com Camus – Como aprender a resistir´ (assunto para um post qualquer dia destes)

2. “Quando se olha muito tempo para um abismo, o abismo também olha para nós”. (Nietzsche)

2 comentários:

Tchale Figueira disse...

INIPC é uma FATA MORGANA, palavra em alemão que gosto e quer dizer Miragem. Se dormimos na forma é culpa de alguns, mas da responsibilidade de todos. O poder economico dos Judeus faz com que o Holocausto esteja sempre presente.Não temos este poder, mas temos inteligencia suficiente, infelizmente, canalizado em frivolididades, em vez de irmos mais a fundo sobre a tragédia Africana da escravatura. Oxalá um dia.
Tchalê

Anónimo disse...

Estão ali dois temas interessantes para se explorar (ou simplesmente para se reflectir sobre)