16 de fevereiro de 2010
As minhas dúvidas sobre o texto de Germano Almeida
É recomendável que os jovens cabo-verdianos exercitem cada vez mais o português, por uma questão de exigência normativa, assim como todas as outras línguas que se propuserem falar ou escrever. Entendemos, mas pasma, a opinião do escritor Germano Almeida, que em pleno século 21, depois de tantas quedas, vitórias, e (des) construções simbólicas (inclusive), talvez hoje não faça sentido falar em língua do poder.
Há desmistificações que se impõem. A oficialização do crioulo não afronta a presença de qualquer outra língua, mormente aquela igualmente de referência histórica e cultural como é a língua portuguesa. Ela implicaria, se assumida em igualdade e paridade, na construção mais coerente e harmoniosa do Bilinguismo Cabo-verdiano, facto plasmado na realidade da Nação e de jure constitucionalmente reconhecido.
Em boa verdade, quem escreve e fala a língua cabo-verdiana não está sujeito a qualquer tipo de condenação formal e informal, e muito menos à subalternidade social e cultural, o que, convenhamos, já é uma grande conquista civilizacional.
O reforço da identidade cabo-verdiana, algo necessário nestes tempos de Globalização e de esbatimento das diversidades, continuará a ser crítico e, consequentemente, imperioso contra certos preconceitos e certos anacronismos. Estranha-nos, por isso, alguns conselhos, tão ultrapassados quão desajeitados, deixados aos jovens cabo-verdianos por intelectuais da craveira de Germano Almeida.
fotu: jan dirkx
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4 comentários:
Eu tinha um comentário para o post anterior, mas na hora do enter a Eletra, simplesmente não me avisou, deixou-me com o dedo na... que frustração!...
Bem, concordo consigo neste momento/post. O G.A escreve crioulo em portugues. Tem exercitado, mas nunca será mais do que um escitor Cv. Até que podia escrever um bom romance em LCv e deixasse a tradução para os especialistas... E não há volta a dar.... Aquilo que disse-escreveu estamos fartos de ouvir....
Esta coisa de escrever a LCV tem por de trás muita:::::: XM. Et.
PS: não é obrigada a postar........
O texto de Germano Almeida é apenas comparável aos textos com discursos epilinguisticos que surgiram a quando da queda da latim como lingua de poder e mais recentemente, mas também longinquo,em toda as perspectivas, no início dos anos 60. Sei que a sociolinguística é uma área da linguística muito recente e por estas bandas pouca gente tem conhecimento dela. Mas o Germano e todos aquels que se atrevem a opiniar sobre a lingua deviam antes, pelo menos ler algum livro de introdução aos estudos linguísticos. Cabo Verde não tem outra saída se não apostar no ensino bilingue, como já se faz nos Estados Unidos e até Portugal, já está a experimentar esse tipo de ensino.
Se o Germano quer os jovens exercitem a língua portuguesa que comece, em primeiro lugar, a escrever livros em bom português e não esses textos com linguagem híbrida, que nem se quer identifica a variante do português de Cabo Verde; por outro lado, precisamos ter textos escritos em lingua cabo-verdina respeitando os níveis de linguagem e adequadas às situações.
Nenhum língua tem o poder em si proprio: o poder da língua está na função que ela tem: assim para os políticos, durante as campanhas eleitorais A LINGUA DE PODER É A LINGUA CABO-VERDIANA. Muito coisa fica aqui por dizer, mas...no entanto termino com 4 observações / questões:
1. Seria bom se germano exemplificasse o poder que o uso da língua portuguesa lhe deu!
2. Seria bom se a Margarida podesse colocar extractos da entrevista do Poeta José Luíz Tavares sobre este assunto .( Expresso das ilhas, 4/02 e expresso online);
3. Vai acontecer no dia 19 de fevereiro uma palestra sobre a a experiência de Portugal do Ensino Bilingue que está a decorrer numa turma em Portugal- 16 horas;no campus de Palmarejo. Oradora: a coordenadora do projecto e a professora de crioulo em Portugal.
4. Susan Romaine, uma grande crioulista disse : " Não há politica de lingua segunda de sucesso se não se tiver uma boa politica de lingua materna."
A bem da língua que os meus pais carinhosamente me transmitiram e orgulhosamente eu aprendi.
Lády Monteiro
Falou alguém que usa a lingua,não só como meio de comunicar como todos nós, mas também como profissão. Assim como o Sr. Germano Almeida.
Por isso só a sua opinião tem já relevância que lhe é devido.
Acho que se se debater estas questões de forma construtiva algo de positivo há de sair.
Obrigada, Lady Monteiro, pela prestimosa contribuição.
Quem dera todas as opiniões sobre a oficialização do crioulo fossem devidamente fundamentadas como foi a sua. Nessas horas, nem se ouve falar dos "farromperus" de costume ...
Obrigada pelas sugestões.
Abraços ao ET, Lady e Da Caps
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