12 de setembro de 2006

Um domingo qualquer

À primeira vista, e desprevenido, quando alguém se dispõe a assistir Um domingo qualquer de Oliver Stone, acha que vai perder o seu tempo com um filme violento sobre o futebol Norte-americano. Longe disso. O filme tem como pano de fundo os bastidores de uma partida de futebol americano nas suas várias vertentes: a imprensa sensacionalista, as apostas milionárias, os treinos, a vitória a qualquer preço, sonhos desfeitos, a ilusão do sucesso, enfim! Um conjunto de situações que perfazem o apetecível mundo do sucesso.
Para mim, o encanto desse filme reside na narrativa, na montagem, e na actuação de Al Pacino, claro!
Um olhar nada linear, (muito flashback, muito paralelismo) fortemente apostado em planos fechados (expressões, detalhes), uma luz confidente, ritmo, poucos planos abertos (longos). A montagem é de uma mestria tal de que não ousaria aqui falar, mas sim recomendar, por isso escrevo esta nota, e por esta mesma razão volto sempre ao trama.
Al Pacino é o homem de sempre. Agarra para si a história e dita-a até ao final. Toda a actuação dos outros personagens depende da sua ironia, da sua implacabilidade, da sua firmeza. É o risco que se corre quando se tem esse poderoso chefão como protagonista.

Tenho uma grande admiração por realizadores de cinema, e Oliver Stone é um deles. Um autor fechado, de impacto, que mostra a humanidade a partir de uma ruela. Um domingo qualquer é também uma crítica sobre a situação dos negros nos Estados Unidos. Num primeiro olhar não parece.

Da escravatura

Ver o documentário Cabo Verde na Rota da Escravatura, de Francisco Manso, pela descrição franca e humana desse crime histórico, feita pelo historiador António Correia e Silva. Passa sempre na TCV.

4 comentários:

Kamia disse...

É realmente um bom filme,um dos melhores de Oliver Stone, que se tem espalhado ao comprido ultimamente (vamos lá ver World Trade Center).
Mas não acho que Al Pacino estava muito bem. Achei-o um pouco exagerado, em overacting. O que não quer dizer que não tenha conseguido ser o leading man do inicio ao fim.Oliver Stone sacrificou os rasgos de talento que Jamie Foxx e Cameron Diaz (num dos seus melhores papeis)demostravam cada vez que estavam em cena para dar mais espaço a Al Pacino.Foi pena, mas mesmo assim o filme está bom.

Hugs

pura eu disse...

É o risco que se corre com Al Pacino, Kamia. Ele é intenso. Apesar disso, Um domingo qualquer é globalmente um grande filme. Da próxima vez vou estar mais atenta à Cameron Diaz... e, mais uma vez, à montagem que nesse filme é uma autêntica escola de narração fílmica.

Beijos

Pedro Moita disse...

Foi bom recordar esse grande momento que hollywood nos trouxe.
É para mim, sem dúvida, um filme a ver para quem gosta de cinema com fortes narraticas visuais.
òptimo som, imagens poderosas e acima de tudo uma montagem de cortar o fôlego.
Faz parte da minha lista dos favoritos.

Anónimo disse...

Esse documentário sobre Cabo Verde me pareceu bem interessante.
Também gosto do Oliver Stone. Estou ansioso para ver As Torres Gêmeas (WTC) que vai estrear neste fim de semana aqui no Brasil.