Uma parte de mim é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.
Uma parte de mim é multidão:
outra parte estranheza e solidão.
Uma parte de mim pesa, pondera:
outra parte delira.
Uma parte de mim almoça e janta:
outra parte se espanta.
Uma parte de mim é permanente:
outra parte se sabe de repente.
Uma parte de mim é só vertigem:
outra parte, linguagem.
Traduzir uma parte na outra parte
- que é uma questão de vida ou morte –
Será arte?
Gullar em mim
Sei que me repito. A matéria da matéria é inalienável, e pouco ou nada muda, dependendo do ínfimo dos ventos. Na permanência da dor, procuro os meus, entre a vida e a morte, onde tu estás...
Traduzir-se (poema de Ferreira Gullar-foto-)
Gullar em mim (a minha declaração de amor)
2 comentários:
Olá Margarida,
É um imenso prazer ester visitando teu blog repleto de material cultural.
Recebas meu cordial abraço do Brazil
Geraldo
Valeu Geraldo.
Muito desse material bebe nas fontes do seu imenso país. A imortalidade poética de Gullar é apenas um exemplo.
Volta sempre.
Abraços
Margarida
Enviar um comentário