in memoriam de João Henrique (Dick) Oliveira Barros e V. Fernandes
Eu sei!
O cerco se aperta
e, perto,
ouve-se o ganir dos cães
Na cidade da Praia de Santiago
(nesta rochosa transfiguração
da velha e antiga metáfora de cidade santa )
deus esvaneceu-se
abatido e receoso
de ser enforcado
com as cordas
do destino e do vento
E foi então
foi só então
que os mercadores
(de estórias e de outros apetrechos
da frustração do corpo e da claudicação da alma)
decidiram escolher
um novo deus
como eles
sarcástico
e detentor
do metálico dom
da gargalhada
Eu sei!
A invisível cerca
cerra o seu eco
à volta da minha alma
Que farei
sem o meu Deus
e sem a maçã
senão estilhaçar o cerco
e a sua ameaça de estoricídio
açoitar o vento
repicar os pés no chão
e retinir um djato
na cara da consonântica arrogância
dos mercadores
e dos que bailam ao vento?
José Luís Hopffer C. Almada
imagem: Lasar Segall
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