
No Brasil, muita gente, em determinados círculos, assume que assiste às telenovelas para as criticar. Não sei como funciona noutras paragens onde existe uma cultura de teledramaturgia. De todo o modo, este tipo de crítica é um exercício de interpretação saudável (quando for desapaixonado) que revela muito do real, ou da sua construção. O certo é que o embalo da crítica desemboca no apego, e no final estão todos a cogitar o desfecho de cada personagem. Mas há sempre aqueles que conseguem resistir tanto à crítica quanto ao passatempo.
Pessoalmente, interesso-me pela dramaturgia e consigo sempre me surpreender com um ou outro detalhe de representação. Um actor secundário que se impõe e, em se tratando de uma obra aberta, vai ganhando mais presença; um outro, cujo desempenho não encaixa como o previsto no desenrolar do trama, e vê o seu destino redesenhado, e por aí fora.
Desta feita, tenho prestado atenção em Wagner Moura, o vilão Olavo Novaes, da telenovela "Paraíso Tropical": um executivo ambicioso que se apaixona por uma prostituta e, nesse misto entre o sensível apaixonado e o durão ambicioso, vai ser implacável e surpreendente.
Wagner Moura assume-se como um homem do teatro. Do palco, ele saltou para o cinema, brilhando (como vilão) no papel do polémico capitão Nascimento em "Tropa de Elite". Ele terá proferido esta frase: "O teatro me liga ao sagrado". Mais um baiano que aprecio muito.
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