15 de novembro de 2008

Intermezzo (na tela)

Wagner Moura





















No Brasil, muita gente, em determinados círculos, assume que assiste às telenovelas para as criticar. Não sei como funciona noutras paragens onde existe uma cultura de teledramaturgia. De todo o modo, este tipo de crítica é um exercício de interpretação saudável (quando for desapaixonado) que revela muito do real, ou da sua construção. O certo é que o embalo da crítica desemboca no apego, e no final estão todos a cogitar o desfecho de cada personagem. Mas há sempre aqueles que conseguem resistir tanto à crítica quanto ao passatempo.
Pessoalmente, interesso-me pela dramaturgia e consigo sempre me surpreender com um ou outro detalhe de representação. Um actor secundário que se impõe e, em se tratando de uma obra aberta, vai ganhando mais presença; um outro, cujo desempenho não encaixa como o previsto no desenrolar do trama, e vê o seu destino redesenhado, e por aí fora.
Desta feita, tenho prestado atenção em Wagner Moura, o vilão Olavo Novaes, da telenovela "Paraíso Tropical": um executivo ambicioso que se apaixona por uma prostituta e, nesse misto entre o sensível apaixonado e o durão ambicioso, vai ser implacável e surpreendente.
Wagner Moura assume-se como um homem do teatro. Do palco, ele saltou para o cinema, brilhando (como vilão) no papel do polémico capitão Nascimento em "Tropa de Elite". Ele terá proferido esta frase: "O teatro me liga ao sagrado". Mais um baiano que aprecio muito.

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