Desde a campanha para as primárias do Partido Democrata que Barack Obama galvanizou a atenção dos Estados Unidos e do Mundo, certamente, num primeiro momento, pela cor da sua pele. Não que uma simples coloração mais pigmentada fosse, por si, indício de boas capacidades. Obama chegou onde chegou por causa do seu percurso de grande mérito, de uma capacidade de liderança surpreendente e de uma qualidade intelectual sem precedentes. Entrementes, a questão racial marca presença incontornável na América e ela não poderá ficar fora de uma análise complexa. Do meu ponto de vista, os analistas nacionais e internacionais não devem fugir a tal remarque…
A eleição de Obama, para os negros da África e a vasta Diáspora Africana, mais precisamente os afrodescendentes, é por demais histórica. É ver as lágrimas de emoção nas faces do activista Jesse Jackson e apresentadora televisiva Oprah Winfrey no momento do comício da vitória em Chicago; É ouvir a entrevista de uma centenária negra americana que incrédula se emociona com a eleição de um presidente negro e se recorda da época em que não podia votar porque os negros não tinham esse direito. Chorei também eu, aqui em Cabo Verde, assistindo ao júbilo indescritível, um misto de sublimação e orgulho dos americanos (jovens, sobretudo), perante a "magia" e o brilhantismo de um presidente mestiço (filho de um negro e de uma branca), eleito num País que, nos últimos anos, vinha acumulando descrédito e odioso aos olhos do Mundo.
Registo com satisfação a esperança que renasce em África, um continente devastado sob todas as perspectivas, com a chegada à Presidência do País mais poderoso do Mundo de um afrodescendente. O vilarejo queniano Kogelo onde residem os familiares de Obama, faz fronteira com Uganda, que é vizinha de outras Áfricas, outras nuances de uma mesma matriz. As mães de todas as diásporas negras choraram de alegria no dia 4 de Novembro.
Que o exemplo de Obama sirva de inspiração não só para a América, mas para o Mundo. Que um país como o Brasil, onde os negros ainda ocupam patamares vergonhosos de cidadania, comece a se posicionar para um cenário de mais equilíbrio e oportunidades para todos.
A construção de um novo mundo passa, sim, pelo empowerment dos negros, e pelo reerguer do continente africano. Yes, We Can. Este é o paradigma subjacente, mas nem por isso esquecido, que me soe aventar nesta hora em que Baraka Obama se tornou o 44º Presidente dos Estados Unidos da América!
Sem comentários:
Enviar um comentário