28 de setembro de 2009

Polansky, preso?!

Roman





















Gosto de Roman Polansky, por isso fiquei triste com esta notícia, e decidi recupar o texto que escrevi há dois meses aqui.

Saio de uma mente brilhante para entrar numa outra: a do realizador polaco Roman Polanski (foto). Dos vários filmes que adensam a excelente carreira cinematográfica de Polanski, creio que “O Pianista” condensa o que de “definitivo” esse realizador desenhou para o seu percurso. O próprio reconheceu, aliás, esse feito.Varsóvia, 1937, Segunda Guerra Mundial. Um pianista judeu e sua família sobrevivem ao aperto do certo alemão. É um tempo de privação e de provação dos judeus. As restrições de circulação e acesso. A versatilidade e a genialidade do Wladyslaw Szpilman. A paixão deste por uma jovem alemã. O surgimento dos guetos (a retirada de Varsóvia), os assassinatos à calha e, finalmente, o campo de concentração e o extermínio. A esse destino, escapa o pianista para um sofrimento mais pausado, dilacerante e humilhante. A música e o piano salvam-no. E é ajudado, inclusive, por um oficial alemão que no fim, no reverso da situação, vai precisar da mesma compaixão.

O Pianista arrebatou Palma de Ouro no Festival de Cannes de 2002. Um enredo de diálogos esparsos e definitivos, impressionou o Júri. O silêncio, os espaços entre o tempo, a cor acinzentada, a música sempre presente anunciando algo que nunca chega, capta a sensibilidade de todos que enfrentam este filme, diga-se. Polanski, ele próprio, cresceu num dos guetos de Varsóvia e perdeu os pais num Campo de Concentração. Entretanto, ele não assume que O Pianista tenha algo de autobiográfico. Wladeck, o protagonista ficcionado, existiu realmente e é autor de O Pianista, Romance. Só veio a falecer no ano 2000. Com 88 anos.

São alguns factos de que recordo”, afiança, entretanto, o cineasta. A intensidade (ainda que fria) do filme O Pianista chega a ser sensorial, dir-se-ia que somos transportados pelas ruas de Varsóvia e, por um instante, experimentamos as excrescências da desumanidade: a indignidade, a morte e, mais que isso, ao verdadeiro extermínio da alma humana…

Em fuga...

Como tem dado conta o desenrolar da situação, há mais de 30 anos que Polansky não pisa os Estados Unidos, país onde realizou os filmes mais emblemáticos da sua carreira. Esse alegado crime sexual faz do cineasta um fugitivo e só agora na Suiça, por intermédio de um mandato de captura americano de anos, Roman Polansky foi preso. O caso já beira a incidente diplomático e os admiradores de Polansky dizem-se envergonhados.

2 comentários:

Tchale Figueira disse...

Gosto da Suíça país que me acolheu durante 11 anos abriu a minha mente em termos artisticos, literarios etc. Odeio a outra parte da Suiça com a sua corrompida neutralidade que é papo furado. Esta de Polansky é mais uma artimanha politica depois de os USA terem exigido a quebra dos segredos bancários a Helvécia...

pura eu disse...

Prender Polansky é um "sacrilégio", sem dizer que a própria alegada vitima já retirou a queixa...

Vou ler o teu poema... Eliot é cirúrgico.