13 de novembro de 2008

O imprescindível “manduco”

Pedro cardoso













Há 66 anos, falecia, na Cidade da Praia, Pedro Monteiro Cardoso, um dos mais consequentes intelectuais de Cabo Verde. Aquele que, por vezes e em plena noite colonial, tinha o pseudónimo de AFRO. Era natural da Ilha do Fogo, com mais precisão da Cidade de São Filipe.
Pedro Monteiro Cardoso pertenceu, com Eugénio Tavares e José Lopes, à chamada (por uma certa crítica escolástica, diga-se de passagem) Geração dos Nativistas. Polemista, poeta e prosador do melhor gabarito nacional, ele cantou a caboverdianidade, a insularidade crioula e a africanidade. Também se posicionou como um activista em prol da língua cabo-verdiana e do folclore de Cabo Verde, com incursões incisivas sobre o folclore foguense.
Foi fundador, proprietário, director e editor do jornal O Manduco (Fogo, 1923-1924) e, juntamente com João Lopes (S. Nicolau, 1884-1979), foi responsável pelo jornal (socialista) Cabo Verde (S. Vicente, 1920-1921), tendo colaborado em vários outros jornais cabo-verdianos e portugueses.
Sessenta e seis anos sobre a morte de Pedro Monteiro Cardoso, temos a vaga impressão que uma verdadeira homenagem ainda não lhe foi feita. Vale ressaltar que o antropólogo Manuel Brito Semedo lança, hoje, em S. Filipe o livro Pedro Cardoso “Textos Jornalísticos e literários”, no âmbito de uma série de actividades organizadas pela casa Dja`r Fogo.
Gostaria de ver assumidamente a cidade de São Filipe, e Cabo Verde, numa reflexão sobre a vida e a obra do seu filho dilecto …

Desabafo

Com emoção conheci há poucos dias um neto de Pedro Cardoso, e soube que um filho do poeta (muito adoentado) ainda vive na zona de Fazenda na Cidade da Praia. É lamentável perceber que o coveiro do cemitério da várzea não consegue indicar a campa do malogrado poeta: uma demonstração de desleixo generalizado. Ocorreu-me logo a imagem de Eugénio Tavares e a facilidade imensa dos bravenses em indicar a sua eterna morada. Desabafos apenas, lamentos…

Bibliografia do poeta

Primícias (Lisboa, 1908); Caboverdeanas (Lisboa, 1915), Jardim das Hespérides (Vila Nova de Famalicão, 1926), Duas Canções (Lisboa, 1927); Algas e Corais (Vila Nova de Famalicão, 1928); Hespérides. Fragmentos de um poema perdido em triste e miserando, naufrágio (Vila Nova de Famalicão, 1930); Folclore Caboverdeano (Porto, 1933); Conferência no "Teatro Virgínia Vitorino" (Praia), em 30 de Dez. 1933 (Porto, 1934); Cadernos Luso-Caboverdianos. 3 volumes: (1) E mi que ê lha’r Fogo (Fogo, 1941), (2) Ritmos de Morna (Praia, 1942), (3) Sem Tom Nem Som (Praia, 1942); e Lírios e Cravos (Ermesinde, 1951).

2 comentários:

Anónimo disse...

Somos todos ingratos em relação ao Pedro Cardoso. Tenho a sensação que as suas posições não são de agrado dos que se sentem tão brancos como os branco.

pura eu disse...

Sensação? Certeza, diria.