21 de março de 2005

Torre cultural para a Ilha do Maio

Biche Rotcha
Quem visita o Maio, de lés a lés, fica agradavelmente surpreso com as virtualidades da ilha, apesar da aparente falta de perspectivas, e desolação. Digo isso, porque o Maio, ao contrário da Boa Vista e do Sal, ainda vai a tempo de planear o seu turismo de modo a conciliá-lo às suas especificidades ambientais e humanas.
As praias estão praticamente intactas, a beleza das suas dunas pode competir com as de Boa Vista, a hospitalidade – sua imagem de marca – é insubstituível.
Há quem diga, inclusive, que a ilha da boa música e do bom queijo ainda resguarda os traços e a autenticidade do cabo-verdiano de antanho.
Autenticidade, aliás, que convidou o casal alemão, Sabina e Miguel, a fixar residência no Maio, mais precisamente na zona de Calheta. Sabina ensina francês no Liceu da Vila do Porto Inglês e o seu marido, enquanto artista, trabalha na construção de uma torre de cultura que vai ser o Centro Cultural da Ilha. Esse espaço já ganhou corpo e fica próximo à praia de Calheta mesmo defronte à residência do casal.
Porto Inglês
A intenção é “promover momentos culturais com artistas e poetas da ilha e de outras paragens” diz a Sabina. Além desse projecto cultural o casal está a trabalhar na recuperação do espaço que envolve a torre, onde antigamente existiam extensas palmeiras que protegiam do sol as mulheres da redondeza, enquanto lavavam roupas.
O casal vive há sete anos no Maio e durante esse período tem dado sinais de muito apego à ilha, patente nos vários projectos que desenvolve a nível educacional e comunitário. Entretanto, vivem preocupados com o futuro do espaço, tendo em conta as consequências de um turismo mal explorado.
Que turismo para a Ilha do Maio?” tem sido uma questão recorrente entre as autoridades locais e nacionais. Adalberto Silva, deputado da nação e filho da ilha, emerge desta problemática com a ideia de que “o turismo a ser promovido na ilha não poderá ser de massa”. Betú – como prefere ser chamado – é da opinião que se deve aproveitar as peculiaridades da ilha e promover um turismo que traga benefícios e qualidade de vida aos maienses.

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