13 de março de 2009
As dores de Laila
"Quando saíam juntos, ele ia andando ao seu lado, segurando-a pelo braço com uma das mãos. Para Laila, estar na rua tinha se tornado um exercício para evitar se machucar. Seus olhos ainda tentavam se acostumar à visibilidade limitada pela telinha da burqa e seu pés ainda se atrapalhavam com a borda daquele traje comprido. Ia andando, sempre com medo de tropeçar e cair, de quebrar o tornozelo ao pisar num buraco qualquer. Mesmo assim o anonimato que a burqa lhe proporcionava não deixava de ser confortável. Se por acaso encontrasse conhecidos, ninguém saberia que era ela. Não precisaria aguentar a surpresa estampada em seus olhos, nem a piedade ou a alegria deles ao ver a que ponto ela tinha chegado, como as suas elevadas aspirações tinham desmoronado."
In: A cidade do sol, Khaled Husseini
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